QUEREM PRIVATIZAR O ENSINO SUPERIOR PÚBLICO

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Por Felipe Baunilha – Levante Paraíba

“Quem diria que em 2010 estávamos discutindo 10% do PIB para a educação e agora estamos discutindo um projeto chamado ‘escola sem partido’”, dizia uma postagem em uma rede social. Tal perplexidade não é pra menos. Desde o início da semana o alvo mais contundente do governo golpista e seu bonde é a educação. Depois de anunciar que pretende rever a lei de exploração do pré-sal para entregar a preço de banana o petróleo para os norte americanos (o que interfere diretamente no financiamento da educação e da saúde) o governo golpista começou a desmontar as conquistas dos últimos anos no campo educacional. Com ajuda, claro, da sua fiel escudeira: a Globo.

No domingo o editorial do jornal O Globo atacou diretamente a gratuidade da educação superior pública. O jornaleco teve a audácia de afirmar que a gratuidade é uma injustiça. O deputado federal Jean Wyllys já deu uma resposta a altura em sua coluna na revista Carta Capital ( 5 mentiras da globo sobre a universidade publica ) apontando as mentiras do jornal em relação ao nosso ensino superior. O principal argumento de Jean é que: “se quisermos cobrar aos ricos que usam a universidade pública, a solução não é instaurar uma mensalidade. Estabeleçamos um tributo adicional para as faixas mais altas do Imposto de Renda que alcance os cidadãos com alta renda que estudaram e se formaram numa universidade pública, e destinemos esse dinheiro a um fundo especial para abrir mais vagas e pagar bolsas de permanência para os estudantes mais pobres.”

Dois dias se passaram da publicação do editorial do jornal e o governo anuncia o fim das bolsas de graduação do programa Ciências Sem Fronteiras, programa que concede bolsas para estudantes do ensino superior cursarem uma parte da sua graduação em universidades fora do país e retornem para concluir o curso no Brasil. Em síntese o programa busca formar estudantes das mais diversas áreas, com prioridade para a área de ciência e tecnologia (C&T), em universidades no exterior no intuito de alçar o Brasil no desenvolvimento de matriz tecnológica própria, ou seja, um programa que busca construir bases para a soberania nacional em termos de tecnologia para que saiamos da dependência de importação.

O bonde golpista (Temer&Globo) dissimula de tal maneira seu pacote de maldades contra a juventude e contra o povo brasileiro que a chamada do jornal da tarde (JH) da emissora televisiva faz o anuncio do FIM do programa de bolsas para a modalidade graduação como “governo-muda-regras-do-programa-ciencia-sem-fronteiras”. E a declaração do presidente-substituto da CAPES, Geraldo Nunes, não deixa dúvidas quanto ao interesse do governo de alterar a função do Programa. Não mais entende-lo como mecanismo de construção de soberania nacional e sim como preparação para enviar os filhos das elites para o exterior. “A proposta do ministro é que a gente comece a fazer alguma coisa a partir do ensino médio. Já comece a consolidar uma base de estudantes preparados em termos linguísticos para enfrentar desafios no futuro em termos de sair para o exterior”, explica o presidente-substituto da Capes. Percebam, o objetivo não é mais complementar a formação e voltar para Brasil para contribuir no desenvolvimento econômico e social, é apenas “enfrentar desafios no futuro em termos de sair para o exterior”.

A elite econômica do país e atrasada, colonizada, não tem um projeto de nação, apenas um projeto autocentrado em obter lucros e vantagens no comando do aparelho de Estado. Não percebe que ao passo que retoma a implementação de um projeto neoliberal ortodoxo constrói sua própria cova. Na contramão desta política irracional e anti popular o Chile aprova na mesma semana o fim do ensino superior pago, afinal, a educação não é um gasto e sim um investimento. Mais uma prova de que o governo golpista está na contramão da história, sua proposta é retirar todos os direitos do povo para alimentar a ganancia e luxuria de uma elite econômica espúria. Resta aos estudantes brasileiros mirar-se no exemplo dos chilenos que conquistaram nas urnas e nas ruas o direito à educação gratuita. É preciso uma ampla luta nacional contra os cortes de verba na educação e em defesa da educação pública, gratuita, laica e plural. Os estudantes brasileiros ousarão lutar? Ou ficarão vendo o bonde da história passar?