Acampamento nacional reúne 7 mil jovens em Belo Horizonte

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A programação conta com palestras, oficinas, rodas de conversa, shows e intervenções culturais / Divulgação / Comunicação 3º Acampa

O evento, organizado pelo Levante Popular da Juventude, é o primeiro após o golpe

A programação conta com palestras, oficinas, rodas de conversa, shows e intervenções culturais / Divulgação / Comunicação 3º Acampa
A programação conta com palestras, oficinas, rodas de conversa, shows e intervenções culturais / Divulgação /Coletivo de Comunicação do Levante

Jovens por todos os lados, se encontrando, reconhecendo o local, desfazendo as malas e montando as barracas. Foi assim o primeiro dia do 3º Acampamento do Levante Popular da Juventude. O encontro, que acontece no Mineirinho – região da Pampulha de Belo Horizonte – começou na segunda (5) e conta com programação até sexta (9). Cerca de 7 mil jovens já chegaram e, com muito gás, esbanjam alegria e disposição para encarar os próximos dias de formação política e luta por direitos.

O Acampamento é o primeiro encontro nacional do Levante que o cearense Leo Sullivan participa. O secundarista conta que já participou de seminários estaduais e, há um ano, faz parte da célula Loko Rude, localizada na periferia de Fortaleza. As células são os núcleos menores do movimento, organizadas nas universidades, periferias e escolas.

Com muita animação, Leo afirma que quer participar de todas as atividades, mas ressalta que veio para discutir política. “Vim para o ‘Acampa’, porque quero lutar por nossa política. Na semana passada houve a morte da democracia e se os jovens não se unirem, o Brasil está perdido”, afirma.

A estudante de matemática Rebeca Carvalho, de 22 anos, veio na caravana que saiu de Porto Velho, capital de Rondônia. Foram mais de 60 horas de viagem, mas, mesmo assim, não falta empolgação. Em seu um ano de Levante, é primeira vez que participa de um evento nacional. “Estou ansiosa para participar dos espaços sobre negritude. Quero compartilhar uma experiência que eu tive, que foi ruim, foi racista. Quero saber se outras pessoas já viveram algo parecido”, conta.

O combate ao racismo é um dos temas que serão debatidos durante o encontro. Além disso, democratização da mídia, acesso à educação e saúde, trabalho digno para a juventude, feminismo, cultura e reforma política são outros assuntos que serão abordados na programação.

Rebeldia

Com o lema “Nossa rebeldia é o povo no poder”, a programação conta com palestras, oficinas, rodas de conversa, shows e intervenções culturais. Diversas personalidades já confirmaram presença, como João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Beatriz Cerqueira, presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT Minas); o blogueiro Juca Kfouri e a professora da Universidade de São Paulo (USP) Ermínia Maricato.

Larissa Goulart, integrante da coordenação do Levante de Minas Gerais, explica que o lema escolhido pelo movimento quer discutir com os participantes as deficiências do sistema político brasileiro. “A juventude tem ido pras ruas reivindicar seus direitos. Nós queremos canalizar essa rebeldia para mudar o sistema político, pois hoje as mulheres, os negros e as negras, indígenas e jovens não estão nos espaços de poder, que são aqueles onde decisões importantes sobre os rumos do país são tomadas”, ressalta.

O Movimento

O Levante Popular da Juventude é um movimento popular que organiza jovens brasileiros em busca de seus direitos. Surgido em 2006 no Rio Grande do Sul, o movimento tomou caráter nacional em 2012, quando foi realizado o primeiro acampamento nacional em Santa Cruz do Sul (RS). Nessa ocasião, houve a participação de mil pessoas. A segunda edição do encontro aconteceu em São Paulo, no ano de 2014, com mais de 3 mil participantes.