Nenhum compromisso na UNE?

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por Paulo Henrique da Consulta Popular

Este pequeno texto faz alusão ao capítulo 8, do livro “O esquerdismo: doença infantil do comunismo”, do grande dirigente revolucionário russo Vladimir I. U. Lenin, que trata acerca da política de alianças num processo revolucionário. 100 anos após o triunfo do proletariado russo, é inegável a atualidade dessas ideias.

Neste sentido, quero dialogar e combater as concepções que afirmam que o Levante Popular da Juventude, em conjunto com a grande maioria do Campo Popular teria “capitulado” por ter realizado uma aliança de campo com o Campo Majoritário, no 55º Congresso da UNE. Estas concepções, ao meu ver, em sua grande maioria, expressam manifestações de “esquerdismo”, não à toa que advém de organizações que querem atingir seus objetivos “sem se deter em etapas intermediárias e sem compromissos”. Outra parte das críticas que estamos sofrendo, em especial por parte dos companheiros da Reconquistar a UNE, advém de uma concepção cristalizada de estratégia da disputa da entidade. Estratégia essa que consistia em unificar a oposição, com o objetivo de “tomar” a entidade. Essa estratégia foi implementada com sucesso em 2001, 2003, mas derrotada em 2005.

1 – A disputa da UNE não está acima da disputa geral da sociedade. Pode parecer uma ideia simples, mas que muitas vezes é negada, seja para legitimar posições oportunistas ou concepções sectárias. Não à toa o resultado eleitoral do Congresso expressou o atual processo de reorganização da esquerda brasileira e suas duas frentes políticas, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo. Ou não é verdade, que os companheiros que constituem o campo da Oposição de Esquerda, em sua imensa maioria se identificam com a Frente Povo Sem Medo?

2 – Os setores do chamado “Campo Democrático e Popular” estavam cindidos não só na UNE, mas em toda a sociedade. Foi a luta contra o Golpe que reunificou seus setores na Frente Brasil Popular. Afirmo isso, com o objetivo de evidenciar que a nossa movimentação durante o 55º Congresso da UNE não foi incoerente às nossas formulações estratégicas, muito menos um desvio pragmático. Pelo contrário, dialoga com nossa tática para o atual momento político, centrada na unidade das forças populares na luta contra o Golpe, contra a ofensiva neoliberal, por Diretas Já e Constituinte.

3 – No “Esquerdismo”, Lenin identifica dois critérios para avaliarmos se um compromisso é manifestação ou não do oportunismo. São eles: o referido compromisso é “imposto por condições objetivas”? Segundo, o compromisso abre mão da “abnegação revolucionária e da disposição de continuar a luta”?

4 – Todas as forças políticas no Congresso (ou sua grande maioria), sabem que nossa politica de alianças prioritária para o Congresso era fortalecer o Campo Popular ampliando para setores que compunham o Campo Majoritário e a Oposição de Esquerda. Fizemos todo o esforço possível para que este cenário se viabilizasse, mas objetivamente ele não aconteceu. Além disso, parte das forças políticas que constroem o Campo Popular estavam convencidos da necessidade de uma política de frente ampla, que possibilitasse um programa mais avançado para entidade e seu compromisso com a luta de massas. Este cenário que não era prioritário para nós, se fortaleceu durante o Congresso, em especial com a defesa das resoluções. Em todas as conversas que fizemos durante o Congresso, sempre apresentamos a possibilidade de uma aliança entre campos. O único cenário descartado por nós era o isolamento político.

5 – Esta aliança diminui “abnegação revolucionária” do Levante e sua disposição revolucionária de “continuar a luta”? Creio de sobremaneira que não. Nossas diferenças continuarão existindo, e continuaremos lutando pela democratização da entidade. Temos convergências importantes na análise de conjuntura e divergências na construção da entidade, continuaremos apresentando-as. Creio que, inclusive, esse combate de ideias, fará a entidade avançar.

6 – Há ainda os mais confusos que afirmam que nos aliamos à golpistas, em referência a presença da Juventude Socialista Brasileira n

a chapa da Frente Brasil Popular. Se é certo que o PSB não é homogêneo tendo dentro de si setores conservadores, é verdade também que sua juventude é progressista, constrói a Frente Brasil Popular em vários estados e está de acordo com o programa Fora Temer e Diretas Já.

7 – Parte dos setores que hoje nos criticam realizaram alianças em diversas universidades particulares pelo Brasil com os setores que compunham o Campo Majoritário. Nos parece que a crítica advinda desses setores é meramente oportunismo.

Por fim, tenho convicção de que o Levante Popular da Juventude seguirá convicto de sua estratégia de disputa da UNE e da sociedade.