Contra a suspensão dos estudantes da UFPE

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Uma das primeiras medidas da Ditadura Militar foi editar um decreto que expulsava estudantes das Universidades Públicas brasileiras, o decreto-lei n° 477 de 1969.

Os estudantes expulsos das Universidades eram especialmente selecionados: estavam envolvidos com as lutas estudantis, defendiam a democracia e denunciavam o autoritarismo. Foram impedidos de continuar sua educação formal e muitos somente voltaram aos bancos da universidade após a anistia. Outros nunca retornaram.

Quase 50 anos depois, a Universidade Federal de Pernambuco está adotando a mesma tática autoritária: punindo estudantes que constroem as lutas coletivas. Estudantes que defendem a democracia e a educação. Estudantes que se opõem à violência e ao fascismo. Estudantes que se identificam com o seu povo e veem em sua luta seu propósito.

No dia 2 de novembro de 2017 o Conselho Universitário da UFPE decidiu suspender 5 estudantes que participaram das ocupações no ano de 2016, contra a PEC do Teto de Gastos e em defesa da democracia.

Já denunciamos a patente ilegalidade de todo o processo: as condutas atribuídas aos estudantes não são individualmente descritas; os supostos crimes que lhes são atribuídos não foram provados e todos os demais elementos do processo determinam inocência dos alunos.

O tempo de falar das ilegalidades, contudo, já passou. Delas, todos os envolvidos já estão cientes: a reitoria, os professores e os estudantes.

Hoje estamos frente a frente com autoritarismo violento, e o fascismo nos espreita logo ao lado. Por isso é preciso denunciar, bradando mais alto, a seletividade e a violência da suspensão de estudantes de uma Universidade Pública, que lutavam pela educação pública e em defesa da democracia.

Suspender estudantes da UFPE significa negar-lhes o direito à educação e à luta coletiva pela democracia. Significa que o ódio e a violência chegaram ao ambiente que deveria ser do diálogo e da construção política plural.

A violência contra os 5 estudantes é, na verdade, violência contra todos os estudantes e professores que acreditam que a universidade deve ser local de luta democrática pelos direitos do povo, contra o fascismo, o neonazismo e o autoritarismo.

Se na última sexta feira alunos foram agredidos por simpatizantes de Bolsonaro e Olavo de Carvalho, essa semana outros estudantes foram suspensos da UFPE.

Tais acontecimentos devem ser interpretados conjuntamente, pois revelam que o ódio, a ignorância e a violência estão se tornando práticas comuns em todos os ambientes.

E é contra isso que devemos lutar e nos posicionar, contínua e coletivamente.

Afinal, para barrar retrocessos, garantir direitos e proteger os nossos, a luta coletiva é o único caminho.

O Levante Popular da Juventude repudia totalmente a punição de estudantes que lutaram contra a PEC do Teto de Gastos, se coloca em defesa dos estudantes e convoca todos para lutar contra a escalada do autoritarismo.

PELO DIREITO DE LUTAR!