[Papo Reto] Os olhos grandes do imperialismo

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A ofensiva do imperialismo, protagonizada pelos EUA, não para na América Latina. Vemos o imperialismo encaminhar de forma orquestrada a ofensiva aos governos progressistas latino-americano, a partir de golpes, não mais militares, mas institucionais e jurídicos. Vimos o golpe em Honduras em 2009, o golpe no Paraguai em 2012, a contribuição na desestabilização dos governos do Brasil, Argentina e Venezuela, as três principais economias da América Latina. Na Venezuela o cerco é ainda mais intenso, com os olhos grandes do capital financeiro e do imperialismo nas eleições de 6 de dezembro. Já vemos a grande mídia brasileira, paus mandados do imperialismo, apresentar em seus noticiários e editoriais acusações contra o governo de Maduro, o acusando de ditador.

Vemos também a ofensiva das transnacionais sobre nossos territórios e recursos naturais. Aqui no Brasil esse setor, representado na política pelo PSDB, quer aprovar o projeto de Lei 131, do José Serra, que prevê a alteração da lei partilha, destinando toda a riqueza do petróleo e do pré-sal para as grandes empresas transnacionais e não para as demandas do povo. Além desse projeto de lei, todo o desgaste promovido a partir da operação lava-jato para sucatear a Petrobrás e tirá-la do povo brasileiro também faz parte dos interesses imperialistas. Se perdermos o patrimônio que é a Petrobrás, perdemos a nossa capacidade de investimento social e desenvolvimento do Brasil. Não podemos permitir isso, os recursos do petróleo e do pré-sal tem que ser do povo brasileiro!

No âmbito econômico, o agravamento da crise principalmente nas maiores economias da América Latina (Brasil, Argentina e Venezuela) tem colocado as transnacionais e seus aliados internos em melhores condições para pressionar nossos estados a firmarem acordos de livre comércio bilaterais com países do centro do capitalismo, nos colocando em piores condições para pensarmos nosso desenvolvimento de forma autônoma. Recentemente os EUA firmou a Parceria Transpacífico, acordo comercial que envolve 12 países, representando 40% da economia mundial. Esse acordo pressionará ainda mais os estados latino-americanos, dificultando a construção de uma alternativa à hegemonia dos EUA na escala mundial.

A ofensiva dos EUA via acordos de livre comércio não é de hoje. No fim dos anos 90, auge do neoliberalismo, a América Latina deu de cara com a proposta da ALCA (Área de Livre Comércio da Américas). Essa proposta colocava todas as economias do continente subordinadas aos interesses estadunidenses. Não se limitava à economia, a proposta também permitia aos Estados Unidos ampliar o seu poderio político e militar sobre as demais nações da América. Diante de tal proposta, os movimentos sociais organizaram a Campanha Continental contra a ALCA. A campanha, além de muitos debates, trabalho de base e mobilizações, realizou em 2002 no Brasil o plebiscito popular no qual 10 milhões de brasileiros disseram não à ALCA e não à implementação da base miliar dos EUA em Alcântara.

A campanha continental influenciou a conjuntura e em novembro de 2005 Hugo Chávez, em Mar del Plata, durante a Cúpula dos Povos, anunciou o enterro da ALCA. De lá pra cá os EUA não aceitaram a derrota de braços cruzados, tratados de livre comércio foram firmados com México, Colombia, Peru, Chile, além de ataques no âmbito político e militar. Se quisermos saber como seria o Brasil caso a ALCA tivesse sido aprovada, basta olhar para o México. Lá o desempregado, a violência, a ausência de direitos sociais são marcos da continuidade do neoliberalismo ortodoxo.

Nesse contexto de comemoração dos 10 anos do “enterro da ALCA”, os movimentos sociais e forças populares que impulsionaram a campanha continental no início dos anos 2000 estão organizando a Jornada de Continental de Luta Anti-Imperialista, de 5 a 22 de novembro. O dia 5 será marcado com atos de rua em diversas capitais do país.

No dia 22 a jornada será finalizada com um Encontro Hemisférico em Havana, berço da luta contra o imperialismo.
Além de comemorar a derrota da ALCA, cabe às forças populares refletirem sobre a nova cara da ofensiva neoliberal e imperialista sobre nossos povos. Mais do que refletir, é papel dos movimentos populares impulsionarem a integração regional em outros marcos, pautada pela solidariedade, com centralidade nas demandas populares. Só assim avançaremos rumo à América Latina livre!

 

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