A UNE É PRA LUTAR!
Há 12 anos ocupamos a UNE com muita coragem, ousadia e rebeldia! Acreditamos que o movimento estudantil é motor na luta pela democracia, por direitos sociais e pela transformação da realidade.
Retomamos agora a construção do Conselho de Entidades de Base da UNE, o CONEB, com a tarefa central de reconstruir a educação brasileira através de uma nova Reforma Universitária, que transforme o papel que a universidade desempenha compreendendo seu tripé acadêmico (ensino, pesquisa e extensão). Por isso defendemos uma Reforma Universitária popular construída pela classe trabalhadora, e que esteja a serviço do povo.
QUEM SOMOS
Somos o Levante Popular da Juventude! Nos organizamos nas universidades, escolas, bairros, periferias e no campo de todo o Brasil. Somos um movimento social de jovens voltados para a luta popular com o desafio de contribuir com a transformação da sociedade. Somos as e os jovens que constroem o Projeto Popular, ou seja, um projeto de país que empodere o povo, para nos colocar como sujeitos da nossa própria história. Nos propomos a ser o fermento na massa da juventude brasileira. Somos aqueles que não baixam a cabeça para as injustiças e desigualdades.
Nascemos em 2006, no Rio Grande do Sul, com a proposta de organizar a juventude onde quer que ela esteja e, em fevereiro de 2012, realizamos o nosso I Acampamento Nacional no Rio Grande do Sul. Entendemos que o primeiro passo para a construção de um Projeto Popular para o Brasil é reconhecer que cada pessoa deve ser protagonista das transformações da sua própria realidade. Isso significa que nós temos necessidade e potencial de transformar coletivamente o que tem de errado onde vivemos.
Em 2014 realizamos nosso II Acampamento Nacional, em São Paulo, com a participação de mais de 3 mil jovens de 25 estados brasileiros e do DF. Consolidamos um movimento nacional e popular, comprometido com a democracia, os direitos da juventude e da classe trabalhadora e a solidariedade internacional entre os povos. No ano do golpe, em 2016, realizamos o III Acampamento Nacional do Levante, que reuniu mais de 7 mil jovens de todo o Brasil em Belo Horizonte (MG). Fizemos diversas lutas pelo país, além de atividades de formação e centenas de acampamentos estaduais e municipais.
No último ano reunimos 4 mil jovens no Rio de Janeiro (RJ) e realizamos o nosso IV Acampamento Nacional, assumindo o compromisso de seguir organizando a juventude brasileira para combater o fascismo e construir o projeto popular para o Brasil. Em cada escola, Universidade e Periferia um levante em luta!
Somos um movimento que se nacionalizou a partir da luta concreta com os escrachos aos torturadores da Ditadura Militar! Entendemos que a luta por verdade, memória e justiça segue atual e necessária, pois até hoje o Brasil não puniu os criminosos que mataram milhares de pessoas no regime autoritário de 64. Somos a juventude negra da periferia dos centros urbanos, que luta pela vida, contra a violência e que quer a desmilitarização da polícia. Somos a juventude que luta contra as opressões impostas pelo patriarcado que nos atinge diariamente como mulheres e LGBTI. Somos a juventude camponesa que luta por educação, pelo direito de permanecer no campo e construir um futuro digno com direito à vida e ao trabalho. Integramos o mesmo campo político do MST, e temos orgulho de dizer que defendemos uma reforma agrária popular para o Brasil.
Em mais de uma década de existência afirmamos que somos uma juventude que não esmoreceu nem nos piores momentos pra luta popular nesse último período. Da luta contra o golpe em 2016, as ocupações nas escolas e universidades, na luta contra o fascismo e pela derrubada de Bolsonaro. Enfrentamos as reformas neoliberais de cabeça em pé e sangue no olho, contra a reforma do ensino médio e a reforma trabalhista!
Somos a juventude que acredita que a diferença entre as organizações não pode impedir que caminhemos juntos rumo a vitórias para a classe trabalhadora e, por isso, defendemos a construção da unidade na esquerda brasileira. Nos organizamos na Frente Brasil Popular e construímos aliança constante com a Frente Povo Sem Medo. A unidade foi o que possibilitou que milhares de estudantes tomassem as ruas no Tsunamis em defesa da educação e contra os cortes do ex-governo neofascista. Na pandemia, foi também a unidade entre as organizações políticas e sociais que amplificou a luta por vacina contra o negacionismo e a solidariedade de classe contra a miséria e a fome. Foram esses braços da coletividade que alcançaram a vitória eleitoral de 2022 elegendo Lula Presidente.
Agora seguimos em luta para conquistar mais democracia, mais soberania nacional e mais direitos! Precisamos avançar na luta pela educação e por um projeto de Brasil soberano. Somos muito mais que a nossa bandeira, somos um Projeto de transformação da sociedade.
E pra isso, acreditamos na organização estudantil a partir de um trabalho político nas bases, com muita arte, cultura popular, formação e luta. Defendemos sempre a unidade, priorizando o desafio de enraizar a UNE em todas as Universidades desse país! Sem apontar o dedo para ninguém, SOMOS DA AÇÃO!
O QUE É O CONEB?
O Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB) da União Nacional dos Estudantes tem por objetivo reunir centros acadêmicos e diretórios acadêmicos de todo o Brasil para debater a linha de atuação das entidades para o período seguinte, assim como analisar a conjuntura, definir o projeto de educação que queremos e linhas de atuação do movimento estudantil.
Além dele, existem outros dois fóruns importantes na UNE: o CONEG – Conselho Nacional de Entidades Gerais – que reúne DCE´s, UEE´s – Uniões Estaduais de Estudantes (UEE) e as Executivas de Curso, e o CONUNE – Congresso Nacional da UNE – que é o maior congresso de estudantes do Brasil e um dos maiores do mundo e reúne delegados eleitos nas universidades e que, entre outras coisas, elege a diretoria da UNE.
Foi o 14° CONEB que, em fevereiro de 2013, reuniu 4 mil jovens e mais de 1500 centros acadêmicos de todo o Brasil e que marcou a entrada do Levante Popular da Juventude na União Nacional dos Estudantes, com um grande debate sobre Reforma Universitária. Bebemos das experiências latino-americanas e apontamos as pautas do nosso projeto de Reforma Universitária para o Brasil!
O 15° CONEB ocorreu em fevereiro de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro. O fórum cumpriu o papel de consolidar entre os estudantes que a luta pelo Fora Bolsonaro devia ser de massas e construídas nas ruas. Dessa forma apontamos a construção dos Tsunamis da Educação, atos gigantes organizados pelo movimento estudantil em todo Brasil em parceria com trabalhadores e movimentos sociais.
Desde a entrada do Levante na UNE sempre reivindicamos a importância desse fórum que possibilita orientar o Movimento Estudantil e fortalecer as entidades de base, particularmente os centros acadêmicos. Sabemos que as universidades são um importante espaço de resistência, enfrentamento aos ataques à educação brasileira e ao avanço do conservadorismo no país. Logo, o CONEB precisará animar os estudantes e os municiar de método e uma linha política justa para para o duro período que virá!
TESE DE CONJUNTURA: COMBATER O FASCISMO, CONSTRUINDO UM BRASIL POPULAR
Vivemos em um mundo em transição, marcado pelas crises econômica, social, política e ambiental, em que o capitalismo, para se manter de pé, intensifica as guerras contra os povos, a exploração da classe trabalhadora e a destruição do meio ambiente.
Com a recente eleição de Donald Trump, o capital se une ao militarismo, ao protecionismo, ao racismo e à xenofobia, provocando guerras e conflitos ao redor do mundo, com objetivo de retomar suas altas taxas de lucro. Como consequência, do Brasil à Palestina, são milhares de vítimas de balas, da fome e da ausência de direitos fundamentais. As mesma armas que matam o povo palestino são as que exterminam a juventude negra nas favelas brasileiras.
Na periferia do capitalismo, nosso país está na mira do imperialismo norte-americano, que, tendo sua hegemonia em declínio, intensifica suas investidas para impedir que o povo brasileiro construa um projeto de soberania e desenvolvimento para nossa nação.
Entre os desdobramentos deste panorama, estão a elevação da pobreza e da desigualdade econômica, a maior frequência de fenômenos climáticos severos e o agravamento da violência. Além disso, forma-se uma massa de trabalhadores desiludidos que, justificadamente, não encontram mais alternativas para resolver suas dificuldades nas estruturas tradicionais da democracia liberal.
É diante desse contexto de crise que se dá o crescimento da extrema direita ao redor do mundo. No Brasil, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022 representou uma interrupção temporária na ofensiva da extrema direita e de parte das classes dominantes. Isso ocorreu, em grande parte, devido à piora da situação econômica e aos mais de 700 mil brasileiros mortos durante a pandemia da covid-19, provocando um aprofundamento da divisão entre as classes dominantes. Outro aspecto decisivo foi a resistência popular contra as medidas ultraliberais e golpistas do governo Bolsonaro (PL).
A vitória política e eleitoral de Lula produziu um novo cenário político, caracterizado por um governo de frente ampla, mas nos marcos de uma correlação de forças desfavorável no Congresso Nacional e na sociedade brasileira. Ainda assim, a conquista do Governo Federal tem possibilitado a retomada de um conjunto de políticas sociais fundamentais para o povo brasileiro e a ofensiva jurídica contra os golpistas do 8 de janeiro, como ficou exemplificado com a prisão preventiva do general Braga Netto.
No entanto, a retomada desse conjunto de políticas sociais têm sido insuficiente para alterar de forma significativa a correlação de forças na sociedade. Apesar do aumento gradativo do número de greves nos país nos últimos dois anos e de uma maior disposição de luta de segmentos da classe trabalhadora, como evidenciado na mobilização pelo fim da escala 6×1, faltam iniciativas políticas unitárias que nos permitam acumular forças no campo democrático e popular.
Em parte, é a ausência de uma tática de acúmulo de forças, centrada no fortalecimento da organização popular e na disputa de ideias na sociedade, que ajuda a explicar o resultado ruim das eleições municipais em 2024. Certamente, as vitórias da direita e da extrema direita, em especial de partidos como o PSD, PL, MDB, PP, Republicanos e União Brasil, têm como base material a ampla utilização do orçamento secreto, das “emendas pix”, do controle do gigantesco fundo partidário e da ampla utilização da máquina pública; em especial dos governos estaduais, resultando numa taxa recorde de 82% de reeleições.
Passadas as eleições municipais, o governo Lula encontrou-se diante de uma nova tentativa de cerco. De um lado, o mercado financeiro busca impor a todo custo que o governo federal retire direitos da classe trabalhadora, minando a sua popularidade e fragilizando sua própria base social. De outro, a extrema direita na Câmara dos Deputados busca sabotar o governo, aprovando na Comissão de Cidadania e Justiça (CCJ) um conjunto de medidas contrárias aos interesses populares que foram derrotadas nas eleições de 2022, como o “voto impresso” e o “PL do estuprador”, que proíbe o aborto legal inclusive em casos já previstos pela Constituição.
Outra forma de sabotagem ao governo, foi o vídeo viralizado nas redes sociais de Nikolas Ferreira. O principal vocalizador das ideias bolsonaristas, já condenado por fake news, contou mentiras sobre o pix e como o governo pretendia monitorar as transações financeiras. Fazendo com que a extrema direita ganhasse a opinião pública, obrigando o governo a recuar na medida. Tal fato demonstrou o quanto tem crescido, ainda mais no Brasil, a força social das ideias fascistas da extrema direita, impondo um cerco ao governo e a todo campo progressista.
A responsabilidade de alterar a correlação de forças na sociedade brasileira não é só do governo federal. Apesar de ser continuamente pressionado pelas forças neoliberais, o governo tem obtido avanços em alguns indicadores. A retomada das políticas sociais, embora seja indispensável, não será suficiente, por si só, para reconquistar os setores das classes populares que atualmente são atraídos pela extrema direita.
É essencial incorporar a disputa ideológica a essa equação. Estamos diante de um momento de confronto entre diferentes projetos para a sociedade brasileira. A experiência histórica demonstra que enfrentar o fascismo exige a combinação da luta ideológica com a mobilização popular.
Para isso, a esquerda precisa recuperar sua capacidade de ação política independente; qualificar seu trabalho de base, baseado nos princípios da educação popular; fortalecer meios de comunicação populares autônomos, investir na formação de uma nova geração de militantes; e priorizar, com a devida atenção, a tarefa urgente de construir a unidade.
A coalizão de forças que se uniu em 2022 para defender a democracia e barrar a reeleição de Jair Bolsonaro foi essencial para aquele momento, mas já apresenta sinais de que não terá a mesma abrangência em 2026. Além disso, os dois primeiros anos do terceiro mandato de Lula têm sido marcados por uma fragmentação crescente das forças populares.
Embora o combate ao fascismo exija uma ampla unidade democrática, também indica a necessidade de construir uma frente popular dentro dessa coalizão mais ampla. Essa frente deve, ao mesmo tempo, disputar a capacidade de liderança dentro da aliança e acumular força para influenciar a sociedade de maneira mais efetiva.
Fortalecer essa frente popular é igualmente importante para pressionar o governo federal, buscando criar condições mais favoráveis para que o programa aprovado nas urnas seja implementado. Sustentar e pressionar o governo não são ações contraditórias.
Na verdade, articular um polo que pressione o governo em uma direção mais à esquerda é indispensável para sua sustentação. Caso o governo se torne dependente de setores neoliberais, sem uma atuação organizada da esquerda, corre-se o risco de inviabilizar a execução do programa eleitoral e até de ceder a pressões por medidas impopulares, como já tem ocorrido.
O atual momento político deve ser aproveitado para rearticular as forças populares e construir unidade em torno das pautas emergentes. A luta contra a escala 6×1, a taxação dos super-ricos, a punição dos golpistas, a reforma nas Forças Armadas e o enfrentamento à PEC do Estuprador são temas históricos e estratégicos para a esquerda brasileira. Eles representam uma oportunidade crucial para intensificar a formação de uma frente popular capaz de enfrentar a extrema direita e impulsionar a transformação social no Brasil.
O movimento estudantil que sempre foi vanguarda nas lutas do povo brasileiro, nesse momento precisa recuperar o papel protagonista que pode cumprir no enfrentamento ao facismo. A UNE deve construir, em unidade com os movimentos populares e sindicais, iniciativas de organização e luta como o plebiscito popular pela taxação dos super ricos. E ser catalisadora das mobilizações sociais, para junto ao povo, construir um Projeto Popular para o Brasil.
TESE DE EDUCAÇÃO: POR UMA UNIVERSIDADE DO TAMANHO DO BRASIL!
O ciclo neodesenvolvimentista dos governos Lula e Dilma trouxe avanços significativos para o Brasil, especialmente no campo da educação. As políticas de expansão e democratização do ensino superior, como o Reuni, o ProUni e a Lei de Cotas, possibilitaram o acesso de milhares de jovens às universidades, marcando uma nova fase de desenvolvimento e inclusão social no país. No entanto, essa trajetória foi brutalmente interrompida pelo Golpe de 2016, que deu início a um período de retrocessos, culminando com os ataques sistemáticos à educação durante o governo Bolsonaro. Esse período evidenciou as contradições de um sistema educacional que, mesmo ampliando o acesso, ainda carecia de transformações estruturais mais profundas.
A interrupção da expansão do ensino superior e os ataques à educação no pós-golpe destacaram a necessidade de reposicionar a universidade no centro do projeto nacional de desenvolvimento. Durante o governo Bolsonaro, vivemos um verdadeiro desmonte: cortes orçamentários que ameaçaram o funcionamento básico das universidades, intervenções autoritárias na escolha de reitores e o sucateamento da pesquisa e da extensão universitária. Esse cenário expõe o quanto o desmonte da educação foi parte central de um projeto de desestruturação do Estado brasileiro e de submissão aos interesses do mercado.
Mesmo em meio a essa crise, as universidades resistiram. Durante a pandemia de Covid-19, as instituições públicas demonstraram sua importância, liderando pesquisas, desenvolvendo vacinas e atendendo à população através dos hospitais universitários. Essas ações reforçaram o papel estratégico da educação superior no enfrentamento das desigualdades e na construção de soluções para os grandes problemas nacionais.
Com a eleição de Lula em 2022, vivemos um novo ciclo político que abre caminhos para reconstruir a educação pública e posicioná-la no centro de um projeto de desenvolvimento soberano e inclusivo. Desde então, avançamos em algumas pautas defendidas historicamente pelos estudantes: a renovação e o aprimoramento da Lei de Cotas, que garantiu sua manutenção e ampliação; a consolidação da Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), mas que ainda carece de recursos regulamentados; a posse de reitores democraticamente eleitos em diversas instituições federais; e a abertura de um amplo debate sobre a revogação do Novo Ensino Médio. Essas conquistas, fruto da pressão e mobilização estudantil, são passos importantes, mas ainda insuficientes diante dos desafios colocados.
Para enfrentar esses desafios, é fundamental ampliar a luta pela democratização do acesso e pela reestruturação da universidade brasileira. Queremos uma reforma universitária estruturante. A UNE precisa intensificar a defesa por uma nova fase de expansão do ensino superior público, garantindo a universalização do acesso e a inclusão de negros, indígenas, quilombolas, mulheres, LGBTQIA+ e trabalhadores. Isso passa pela consolidação de políticas afirmativas em todos os níveis da educação, incluindo a pós-graduação, e pela criação de mecanismos que assegurem a permanência desses estudantes nas universidades.
Outra pauta urgente é a regulamentação do ensino superior privado. Hoje, 94% dos estudantes do ensino superior estão matriculados em instituições privadas, que frequentemente operam sob a lógica do lucro, com mensalidades abusivas, baixa qualidade de ensino e demissões em massa de professores. É imprescindível que a UNE lidere a luta por uma regulamentação que garanta o direito à educação de qualidade e combata a mercantilização do ensino.
É preciso resgatar o papel social da universidade. Devemos impulsionar programas que articulem ensino, pesquisa e extensão, colocando o conhecimento produzido nas universidades a serviço da população, especialmente no combate à fome, ao analfabetismo e à crise climática. A criação de mecanismos que permitam aos estudantes recém-formados contribuir diretamente para a solução dos problemas nacionais também deve ser uma prioridade.
Por fim, é tarefa da UNE continuar a luta pela democratização da estrutura de poder universitária. A regulamentação da autonomia universitária é essencial para garantir que as instituições públicas sejam governadas de forma democrática e autônoma, sem interferências autoritárias. A UNE deve liderar o debate sobre uma reforma universitária que modernize as instituições e as alinhe aos interesses do povo brasileiro.
O momento político atual nos desafia a reconstruir e reposicionar a educação como eixo central de um projeto nacional de desenvolvimento. A UNE tem um papel histórico e estratégico nessa tarefa, mobilizando a juventude para transformar as universidades e colocá-las a serviço de um Brasil mais justo, soberano e igualitário. Precisamos de uma universidade do tamanho e com a cara do Brasil!
TESE DE MOVIMENTO ESTUDANTIL: EM CADA UNIVERSIDADE, UM LEVANTE EM LUTA!
O Movimento Estudantil é a prática cotidiana de nos organizarmos coletivamente enquanto estudantes, mobilizando novas pessoas para transformar a realidade que vivemos, dentro e fora das universidades, com um horizonte político claro e ações intencionalizadas.
Historicamente, o Movimento Estudantil se mostrou fundamental para a luta política no Brasil, desempenhando um papel protagonista em momentos decisivos da nossa história. Consciente da tarefa de contribuir com a construção de outro projeto de nação, que seja livre e soberana e tenha a educação popular e emancipadora como pilar fundamental. Justamente pelo seu papel catalisador e sua capacidade de aglutinar forças na sociedade, afirmamos que o Movimento Estudantil é nossa ferramenta de luta: lutas de enfrentamento e, principalmente, lutas propositivas, que nos ajudam a avançar na direção da sociedade que queremos construir.
Se organizar politicamente é um direito, mas também um dever, por que não há saídas individuais para os problemas que atravessam a vida dos estudantes, tão pouco não há nada tão longe que o braço da coletividade e da organização estudantil não alcance!
Os desafios do nosso tempo são enormes e as universidades brasileiras se mostraram essenciais em diversas frentes: da defesa da democracia à produção científica e tecnológica no enfrentamento da pandemia. Nós, estudantes, enfrentamos o projeto fascista de Bolsonaro nas universidades e nas ruas, denunciando as contradições dos setores inimigos do povo e elegendo Lula como presidente.
Nesse contexto, as entidades de base, enraizadas no seio das universidades e nos cursos, são fundamentais. Centros e Diretórios Acadêmicos (CAs e DAs) ocupam um lugar central na mobilização estudantil, apresentando um projeto alternativo de educação que garanta direitos e coloque a universidade a serviço do povo brasileiro. O Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB) é um espaço essencial para fortalecer essas entidades e reorganizar o Movimento Estudantil.
Nós, do Levante Popular da Juventude, sempre reivindicamos esse espaço, porque entendemos que os Centros e Diretórios Acadêmicos aprofundam a disputa pelos rumos da universidade e mobilizam os estudantes para lutar, irradiando ousadia e rebeldia em cada canto do Brasil.
Em 2019, o CONEB da UNE foi fundamental para dar um novo impulso às lutas de massas no Brasil. Saímos dali afirmando a centralidade da luta política e da organização popular para enfrentar o bolsonarismo e com uma jornada de lutas que se desdobrou nos grandes Tsunamis da Educação, que levaram milhares de estudantes e trabalhadores às ruas em diversas cidades do país e sem dúvida são um marco da nossa geração. Além disso, a jornada de 2019 foi fundamental para o fortalecimento das organizações populares, movimentos sociais e a da unidade da esquerda. Fomos às ruas contra os cortes, contra o projeto privatista e contra os diversos ataques e desmontes na educação, mas colhemos uma resistência ativa e unificada que foi capaz de em 2022 derrotar Bolsonaro.
Hoje, superamos o cenário de constante defensiva e vivemos um horizonte democrático com a possibilidade de ampliar os nossos direitos. Contudo, a extrema-direita segue forte, e a classe trabalhadora está fragmentada. O Movimento Estudantil precisa responder a esse contexto com organização, mobilização e criatividade.
Ao longo dos 87 anos da UNE, o Movimento Estudantil sempre teve um potencial mobilizador e aglutinador de diferentes setores a partir do debate da educação. Acreditamos que precisamos explorar esse potencial no próximo período e construir uma intensa jornada de lutas que contribua com a organização e mobilização da classe trabalhadora do nosso país.
A atual gestão da UNE se insere em um contexto de total reorganização das lutas populares e estudantis. Da conspiração que levou ao golpe de 2016 até aqui, são pelo menos 10 anos de intensa deslegitimação e até criminalização das organização políticas. Para além disso, atravessamos uma pandemia que afetou severamente as formas de sociabilidade e coletividade entre as pessoas, para a comunidade acadêmica os impactos são inúmeros. Por isso, nos últimos dois anos construímos uma agenda que tivesse como centralidade a reconstrução da rede de ME, apresentando aos estudantes a história e ferramentas do movimento estudantil e retomando o protagonismo das entidades.
Nesses últimos dois anos, a UNE se jogou na luta em defesa da democracia, enfrentando o bolsonarismo e denunciando a extrema-direita, gritando por todo o Brasil que os estudantes brasileiros querem a prisão de Bolsonaro e de todos os golpistas. A UNE ocupou as ruas em defesa do orçamento da educação, denunciando as altas taxas de juros praticadas pelo Banco Central e exigindo a saída de Campos Neto.
Dentro e fora das universidades, a UNE é feita para lutar. Por isso, nós colorimos as universidades com a Campanha As Cotas Abrem Portas e conquistamos a renovação e a reformulação da Lei de Cotas. Pela mão dos estudantes, nós transformamos o PNAES em lei, uma conquista histórica da nossa luta por assistência e permanência estudantil.
Além disso, a UNE promoveu agendas essenciais, como a Caravana da Reforma Universitária, que devemos seguir construindo este ano, o Encontro de Mulheres Estudantes (EME), o encontro de estudantes LGBTs e o Conselho Nacional de Entidades Gerais da UNE (CONEG). Encerramos 2024 convocando o 16° CONEB da UNE com muita animação e convicção de que essa é uma oportunidade histórica para reorganizar o Movimento Estudantil e virar a chave das lutas populares e da educação. Precisamos fortalecer as entidades estudantis, reorganizar nossa atuação nas universidades e construir uma intensa jornada de lutas que mobilize a sociedade brasileira.
Acreditamos na necessidade de provocar, no interior do Movimento Estudantil e no seio das lutas populares, uma agenda de lutas que mobilize a sociedade brasileira, potencialize a organização popular e avance em conquista para nós, estudantes, e toda a classe trabalhadora.
O CONEB deve colaborar para um movimento de consolidação de novos centros acadêmicos e diretórios acadêmicos pelo Brasil, e a UNE deve ser ponta de lança nesse processo, estando lado a lado com todos os estudantes das bases que querem constituir seus espaços de organização.
Queremos que a UNE seja protagonista nas lutas em defesa da educação e do povo brasileiro, assumindo para si a tarefa de conduzir o conjunto do Movimento Estudantil e contribuir com a organização de base e com o fortalecimento das entidades estudantis. Defendemos que a UNE:
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- Seja protagonista no enfrentamento à extrema-direita, convocando os estudantes para retomarem as ruas;
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- Continue promovendo um processo de formulação e luta por uma Reforma Universitária Popular;
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- Mobilize um plebiscito pela taxação dos super-ricos;
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- Promova o engajamento estudantil na luta contra a fome e o analfabetismo, reafirmando a função social da universidade;
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- Convoque uma jornada de lutas pela ampliação do orçamento para educação.
O Movimento Estudantil precisa ser pulsante, dar cor e forma às universidades e assumir o compromisso de transformar o Brasil. Acreditamos na capacidade dos estudantes de mobilizar e organizar a sociedade, lutando por conquistas concretas que beneficiem a classe trabalhadora e avancem no projeto de um Brasil livre, soberano e justo.
Em cada sala de aula, um levante em luta!
QUE OS RICOS PAGUEM A CONTA: POR UM PLEBISCITO POPULAR PELA TAXAÇÃO DOS SUPER-RICOS E PELA REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO
A concentração de riqueza no Brasil atinge níveis alarmantes: 1% da população detém 63% de toda a riqueza do país. Enquanto isso, a classe trabalhadora e a juventude seguem sendo exploradas e empurradas para a precarização. Taxar os super-ricos não é apenas uma questão de justiça social, mas uma medida essencial no enfrentamento ao neoliberalismo e no combate às desigualdades. Se são os ricos que financiam a miséria e as catástrofes climáticas, nada mais justo que eles arquem com essa conta.
Na contramão, para tentar recompor suas taxas de lucro diante da crise, eles exploram a nossa força de trabalho. No cotidiano, a juventude brasileira é vítima da superexploração e precarização do trabalho, seja pela escala 6×1, 7×0 ou outras formas de trabalho exaustivo e desregulamentado. Lutamos pelo fim dessas práticas abusivas, pela redução da jornada de trabalho e pela garantia de condições dignas para trabalhadores e trabalhadoras. Para a juventude, isso significa lutar por um futuro com direitos, com tempo para viver e estudar, e sem a exaustão que alimenta o sistema capitalista em crise.
A proposta de um plebiscito popular é uma iniciativa ousada que unifica o campo democrático e popular em torno de bandeiras fundamentais: a taxação das grandes fortunas e a redução da jornada de trabalho. Mais do que pautar o Congresso Nacional, o plebiscito é uma ferramenta de mobilização e disputa ideológica, com potencial para fortalecer o trabalho de base nos territórios e construir consciência política entre a classe trabalhadora e a juventude.
POR QUE AGORA?
A taxação dos super-ricos tem amplo apoio social: mais da metade da classe trabalhadora brasileira defende a medida. Até mesmo entre os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro, 40% concordam com a taxação, segundo pesquisas recentes. Apesar disso, a Constituição Federal de 1988, que prevê a criação de impostos sobre grandes fortunas, segue ignorada. Um projeto de lei para implementar essa medida tramita no Congresso desde 2008, sem nunca ter sido votado em plenário.
Se concretizada, a taxação das grandes fortunas poderia gerar bilhões de reais por ano, recursos que poderiam ser revertidos para políticas públicas em educação, saúde e combate às desigualdades.
O plebiscito é um chamado à ação. A UNE, o MST, a CUT e tantos outros já demonstraram apoio e fazem parte dessa convocação. E nós queremos que essa luta se enraíze em cada centro acadêmico, DCE, comitê universitário, sindicato ou associação de bairro do país.
A crise é dos ricos, mas é a juventude e a classe trabalhadora que têm a força para construir uma saída digna e justa para o Brasil.
REDE DE CURSINHOS POPULARES PODEMOS +
Em 2013, o Levante Popular da Juventude iniciou experiências de Cursinhos Populares no Brasil para democratizar o acesso ao ensino superior. Em 2017, nasceu a Rede de Cursinhos Populares Podemos Mais, unindo cursinhos pré-vestibulares, pré-ETEC, CAPES e bibliotecas populares, visando incluir a juventude trabalhadora nas universidades e transformar sua estrutura elitista.
Atualmente, a rede conta com 35 iniciativas em 15 estados e defende a educação pública como direito social essencial. Denunciamos retrocessos, como o aumento da evasão escolar, a queda de inscrições no ENEM e as condições precárias de trabalho que dificultam o acesso educacional. A demanda por vagas no ensino superior público supera a oferta, reforçando a importância da luta por inclusão, permanência e conscientização da juventude como agente de transformação social no Brasil.
Afirmamos a necessidade da luta coletiva e a construção de novas relações de ensino-aprendizagem, nas quais, educando/as e educadoras/ es são sujeitos ativos e críticos da construção do conhecimento. É ler o mundo para transformá-lo! Procure a rede em sua cidade e venha somar conosco.
JUVENTUDE COM ATITUDE PARA DEFENDER A SAÚDE
O Sistema Único de Saúde (SUS), o maior sistema público de saúde do mundo, nasceu da mobilização popular para garantir saúde universal, gratuita e equitativa no Brasil. Resultado da Reforma Sanitária, o SUS é essencial na luta por uma vida digna e enfrenta constantes ameaças daqueles que enxergam a saúde como mercadoria.
A defesa do SUS deve ser prioridade, incluindo a formação acadêmica que prepare estudantes para atuar de forma qualificada e comprometida com seus princípios. É fundamental promover educação permanente em saúde, gestão participativa e currículos que integrem práticas pedagógicas conectadas à realidade brasileira, fortalecendo a ligação entre saúde, educação e a transformação social. A formação em saúde deve ser socialmente referenciada, onde os estudantes sejam formados para atuação qualificada e defesa do SUS.
Para isso, defendemos a implementação do “Viver-SUS: vivências e suporte a redes de atenção da juventude no Sistema Único de Saúde”, que construímos em parceria com a Fiocruz. O projeto, que foi implementado como uma política pública de saúde, tem como público-alvo estudantes da área da saúde com o objetivo de realizar formações e vivências na realidade do SUS, visando à ampliação da compreensão das potencialidades, bem como dos desafios, e o envolvimento, desde a formação dos futuros profissionais na dinâmica do Sistema Único de Saúde, contribuindo com a formação de jovens estudantes para atuação no Sistema Único de Saúde e na identificação do perfil de adoecimento de jovens trabalhadores.
Investir em saúde pública e na formação de jovens profissionais de saúde é afirmar o compromisso com o desenvolvimento do Brasil, enquanto patrimônio do povo e a saúde enquanto direito
A CULTURA É UMA CHAVE PARA O DESENVOLVIMENTO DA NAÇÃO
A União Nacional dos Estudantes (UNE) vem conformando nesses últimos anos um grande cordão em defesa da liberdade, da cultura e da democracia em nosso país. Nós entendemos que um país que não constroi as bases materiais e objetivas que priorize o investimento na formação criativa e subjetiva de seu povo, está fadado ao fracasso. A cultura e a arte são capazes de construir uma visão crítica da realidade, numa perspectiva emancipadora, tão importante para períodos em que ideias conservadoras e fascistizantes ocupam espaços na sociedade. O Filme “Ainda Estou Aqui” mostra como o cinema nacional, por exemplo, contribui para a disputa ideológica e provoca o país a olhar para sua história.
A cultura sempre esteve presente na história do movimento estudantil, como sabemos, uma das manobras mais traumáticas implementadas pelo golpe Militar de 1964 no Brasil que foi a dissociação das esferas da cultura, da política e da educação, realizada por meio da derrubada dos movimentos que articulam essa síntese, como os Centros Populares de Cultura (CPCs) da UNE e outras experiências que ganhavam força no território Nacional. Era o fazer artístico dando forma às narrativas históricas da política através do Cinema, do Teatro, da Música e de outras linguagens.
A cultura é uma chave necessária para impulsionar na sociedade um projeto de desenvolvimento, além de propiciar a organização coletiva e participação social. É com isso em mente que apontamos o desafio de construir e fortalecer os espaços de produção cultural da UNE, como o Circuito de Arte e Cultura (CUCA) e também a Bienal da UNE, que hoje se configura como um espaço importante de socialização da produção artística dos/das estudantes brasileiros(as).
Pautamos que sejam desenvolvidas políticas de financiamento público para a produção cultural dos estudantes as quais sejam de fácil acesso. Diante disso, é também desafio do movimento estudantil colocar a Luta pela Cultura como uma trincheira imprescindível na disputa por uma universidade que comporte não só a diversidade do povo brasileiro, mas que aponte também para a construção de um projeto popular para o Brasil.