Levante presente na recepção dos médicos cubanos em Sergipe

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Nos dias 14 e 15 de setembro, dezenas de militantes do movimento sindical, social e da juventude, além de usuários do SUS, realizaram uma recepção calorosa aos 10 médicos cubanos e 2 brasileiras com diploma estrangeiro que chegaram ao estado de Sergipe no aeroporto de Aracaju.

Os médicos foram recebidos com muita festa, músicas e palavras de ordem que colocavam a importância da solidariedade entre os povos promovida pelo governo cubano e pelos seus médicos em missões internacionalistas em diversos países do mundo. Além disso, destacavam também a ida de médicos para regiões de difícil provimento de forma urgente, com o fim de atender a demanda das populações mais desassistidas de forma imediata, mesmo que parcialmente.

Os movimentos entregaram presentes em conjunto aos médicos, como camisas do Brasil, biografias do médico pernambucano Josué de Castro e flores como gesto de carinho e gratidão. Além disso, cada organização os presenteou com bandeiras, camisas e bonés de seus movimentos.

Todos que estiveram presentes naquele momento puderam sentir de perto a mística da Revolução Cubana, que colocou o povo cubano no poder e pôde tornar possível um sistema de saúde que hoje é referência no mundo inteiro, garantindo justiça social e soberania à toda a população, apesar do bloqueio econômico norte-americano. O povo sergipano agradece aos médicos cubanos pela solidariedade e tem certeza que, com a sua chegada, a saúde e a população aprenderão bastante com a experiência desses nobres médicos de ciência e consciência.

Mais fotos nos links abaixo:

1º dia: Boas vindas aos médicos cubanos
2º dia: Boas vindas aos médicos cubanos

Confira abaixo a nota política assinada pelos movimentos sociais de Sergipe em defesa da vinda dos médicos estrangeiros:
EM DEFESA DO SUS E DA VINDA DOS MÉDICOS ESTRANGEIROS PARA SERGIPE

O programa “Mais Médicos” do Governo Federal prevê diversas medidas para mudar a saúde pública brasileira, como a oferta de uma bolsa de R$10.000,00 para médicos, brasileiros e estrangeiros, que forem trabalhar em periferias de grandes centros e interiores dos estados (locais de difícil provimento de médicos).

Em Sergipe, no dia 02/09, 17 médicos brasileiros inscritos no programa começaram a trabalhar. Neste sábado (14/09) as 13h chegarão 2 medicos cubanos e neste domingo (15/09), as 12h, chegarão ao nosso estado mais 6 cubanos e 2 médicos brasileiros que possuem diploma estrangeiro. Os movimentos sociais de Sergipe estarão presentes para recepcioná-los com muita festa, carinho, alegria e entusiasmo. Os cubanos serão distribuídos entre cinco municípios sergipanos, dois para cada: Canindé do São Francisco, Gararu, Nossa Senhora das Dores, Poço Redondo e Umbaúba.

Apesar dessa medida não resolver problemas graves do Sistema Único de Saúde (SUS), como o subfinanciamento e o avanço do setor privado sobre a saúde pública, ela tem caráter progressista, pois leva médicos até populações que historicamente tiveram o acesso à saúde impedido. Ou seja, o programa Mais Médicos tenta suprir a carência de assistência médica nesses locais.

Além disso, o programa teve a capacidade de, nos últimos meses, colocar a saúde pública no centro das atenções. Hoje, temos uma desproporção absurda no número médicos entre os setores público e privado: há 4 vezes mais postos de trabalho médico no setor privado do que no SUS. Com o programa, teremos mais médicos trabalhando na rede pública.

Isso fortalece o SUS! Primeiro, porque os médicos do programa trabalharão no SUS, sistema que quase ¾ da população brasileira depende para ter acesso a assistência a saúde e tem como um de seus princípios a Universalidade do acesso – e sem trabalhadores o sistema não funciona. Assim, fica fortalecida a ideia de que saúde não é uma mercadoria a ser acessada mediante pagamento, mas direito de todos e dever do Estado, como prevê a Constituição Federal. Segundo, porque a presença de médicos em regiões historicamente desassistidas poderá gerar saudáveis contradições. Por exemplo, o profissional poderá reivindicar melhores condições de trabalho junto às autoridades locais.

Há o relato de um médico recém-formado que se inscreveu no programa Mais Médicos e, ao chegar no povoado onde iria trabalhar, deparou-se com falta de medicamentos na unidade de saúde. Prontamente, questionou o secretário, que lhe respondeu: como o povoado não contava com nenhum médico nos últimos 2 anos, não fazia sentido comprar remédios para não serem prescritos e estragarem com o tempo. O jovem médico, então, entregou ao secretário uma lista com medicamentos que julgava necessário estarem na unidade de saúde e, na semana seguinte, recebeu boa parte do pedido. Isso não é o ideal, mas ilustra o fato de que as coisas podem ser mudadas mediante pressão social e construção coletiva, inclusive dos profissionais da saúde.

Ademais, nem todas as unidades de saúde estão precarizadas a ponto de nenhum profissional ter condição de trabalhar nelas. Existem unidades novas ou em bom estado de conservação, nos interiores e nas capitais, que necessitam, dentre outras coisas, a fixação de médicos para tocarem o serviço.

Há necessidade de médicos em diversas regiões do país e de mais investimentos na saúde pública. Ambas as reivindicações (mais médicos e mais estrutura) são necessárias e devem ser combinadas. Uma não impede a outra. A população deve apoiar a vinda dos médicos estrangeiros e lutar por reformas estruturais e mudanças no modelo brasileiro de assistência à saúde – como mais financiamento do SUS (defendemos 10% da receita bruta da União exclusivamente para a saúde pública); mudança na formação dos profissionais da saúde para que tenham mais contato com a Atenção Primaria durante a graduação; maior valorização e plano de carreira para trabalhadores do SUS; acesso universal a medicamentos em todo o território nacional; fim da precarização do trabalho, das terceirizações e das privatizações na saúde.

O Brasil precisa de Mais Médicos, de Mais SUS e de muito mais!

Assinam esta nota:
Articulação nacional de movimentos e práticas de educação popular e saúde (Aneps)
Associaçao Cultural Raizes Nordestinas (ACRANE)
Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Coletivo de Juventude do Alto Sertão
Coletivo Quilombo
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Consulta Popular
Fórum em Defesa da Grande Aracaju
Instituto Braços
Levante Popular da Juventude
Marcha Mundial de Mulheres (MMM)
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH)
Movimento Negro Unificado (MNU)
Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (MOTU)
Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)
Movimento Popular de Saúde (MOPS)
Movimento Popular Ecológico (MOPEC)
Movimento Sem Casa (MSC)
Sindicato dos Assistentes Sociais de Sergipe (SINDASSE)
União Estadual de Estudantes de Sergipe (UEES)