“Eu tô na rua, é pra lutar, por um transporte, sem tarifa e popular!”
“É três e vinte, três e cinquenta, é tanto aumento que o povo não aguenta!”
Por Thiago Ferreira (Pará), militante do Levante em São Paulo e Diretor da UNE
Fotos: Mídia Ninja
Muita expectativa construiu-se sobre qual seria o impacto das manifestações de Junho de 2013, acerca das lutas e processos que se seguiram. Alguns setores da esquerda esperavam que a “luta contra a Copa do Mundo” ganhasse as ruas. Outros imaginavam que iam ver a expressão dos “anseios de Junho” nas urnas da eleição do ano passado. Nós, do Levante Popular da Juventude, apostamos nossas forças na construção do “Plebiscito Popular pela Constituinte da Reforma Política”, que coletou cerca de 8 milhões de votos.
Um ano e meio depois daquelas manifestações que sacudiram o país, voltamos às ruas em diversas capitais como Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo entre outras, para lutar contra o aumento das tarifas de transporte. No caso de São Paulo o aumento foi absurdo – 0,50 centavos nos ônibus, metrô e trem.
O Movimento pelo Passe Livre iniciou uma série de atividades para questionar e derrubar os aumentos. O primeiro ato de rua ocorreu nesta sexta-feira, dia 09, e reuniu cerca de 10 mil manifestantes. Um sinal importante sobre como a população encara essa nova tarifa.
Como era de se esperar, houve uma reação desproporcional da Polícia Militar e uma cobertura enviesada da grande mídia.
É preciso, é claro, distinguir os projetos apresentados no caso da capital . O do prefeito Fernando Haddad, apresenta um importante avanço, sem dúvida, fruto das marchas de 2013: tarifa zero para estudantes de baixa renda. Geraldo Alckmin apresenta apenas o arrocho, com uma despropositada possibilidade de acompanhar o projeto do prefeito Haddad.
Apesar de termos dois projetos diferentes, enfrentamos um mesmo problema: o aumento no valor das tarifas. Mais uma vez somos levados a crer que há uma sintonia fina, já que o aumento foi similar. A esse retrocesso não podemos vacilar, precisamos combater e derrotar.
A saída encontrada foi a mesma: ocupar as ruas!
A resposta do poder público, por outro lado, foi a mais antidemocrática o possível. O governador Geraldo Alckmin, enviou suas tropas da Polícia Militar para reprimir duramente os manifestantes com balas de borracha, gás lacrimogênio e detenções, até agora foram 32.
Segundo os policias, tratou-se apenas de uma reação a atos de vandalismo.
Sejamos francos. A polícia poderia muito bem ter contido qualquer “ato de vandalismo” com o efetivo que contava na manifestação. A questão é que a PM agiu de forma intencional, deliberada e articulada para dispersar a manifestação, que seguiu pacificamente ao seu destino, a Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.
Nossa resposta imediata foi não revidar às provocações. Seguir com nossa manifestação. Mas tornou-se simplesmente impraticável com aquele nível de repressão.
Nossa resposta deverá ser continuar ocupando as ruas, para pressionar o poder público e derrotar o projeto do empresariado dos transportes. É preciso muita unidade e nenhuma vacilação. Ir às ruas novamente com nossas bandeiras e batucadas, para conquistar um “transporte, sem tarifa e popular!”.