Em poucos meses findada as eleições já foram muitas derrotas. Demonstra-se na prática que para se construir um projeto de desenvolvimento nacional e acabar com a miséria de um povo leva-se décadas, mas para destruir tudo e atrasar o país ao mais essencial conservadorismo basta uma burguesia raivosa, liderada por alguns oportunistas.
O papo da semana foi a ida de Aécio Neves e seus semelhantes à Venezuela. Mal chegaram e já receberam as merecidas manifestações da sociedade chavista. A universalização da educação e o avanço da consciência do povo venezuelano, em grande medida estimulados pelos governos bolivarianos, foi o que possibilitou essa defesa tão genuína de um povo com sua nação. Pra nos fica a vergonha alheia de uma direita brasileira assanhada e metida que tenta se projetar interferindo na soberania de outro país.
Traçando paralelos com o Brasil, façamos um exercício simples. Se Capriles viesse aqui atacar nossa soberania, a sociedade brasileira defenderia a sua nação? Muito provavelmente não. Esse foi o maior erro da última década: não construir as bases ideológicas de um processo de transformação social mais profundo. Aqui a política de mudanças passiva, sem confronto, a frio, agradando gregos e troianos, não organizou a classe pra avançar a nação e também não conectou o povo com seu projeto.
Agora estamos na colheita desse erro. Está duríssima a disputa política para a classe trabalhadora que em grande maioria não se identifica com seus espaços de organização de classe. Dessa forma, a resistência tem sido vagarosa e a frio. Mobilizações programadas têm cumprido um papel importante, porém ainda muito aquém da nossa necessidade imediata. A morosidade do processo de construção das lutas, permite respostas breves e desarticuladoras do inimigo possuindo os meios que possuem: dinheiro e mídia.
No parlamento isso se concretiza a cada semana e não deve parar tão cedo. No próximo dia 30 de junho vai ser porrada dupla. O tiro da UNE que saiu pela culatra, José Serra, articulado com o partido mais fisiológico e oportunista da política, PMDB, devem colocar em votação em regime de urgência (sem passar por nenhuma comissão) o projeto que altera a lei de partilha da Petrobras. E pra completar o massacre da semana o tema Redução da Maioridade Penal também deve aparecer na pauta do dia, a partir da decisão do autoritário senhor presidente Eduardo Cunha.
É inadiável disputar a opinião da população, pois esse parlamento há tempos não tem o menor compromisso com a defesa dos interesses populares, mas façamos então novamente uma nova reflexão, sem resposta certeira: se a população fosse ouvida em relação aos dois temas através de um plebiscito popular hoje qual seria o resultado?
As organizações precisam se recolocar como necessárias para defesa dos direitos históricos da classe,para desconstruir o senso comum. Isso se faz indo a luta, politizando cada tema que os caciques da política passam a toque caixa. A tropa toda reunida: sindicatos, movimentos do campo e da cidade e toda a juventude nas ruas, não para defender esse governo que a cada dia mostra sua falência, mas sim para defender os direitos dos trabalhadores. Nesse processo se forjará o novo ciclo político que vai radicalizar a transformação no Brasil.