Visibilidade lésbica: a busca por direitos continua!

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O dia 29 de agosto é considerado pelos movimentos feministas e LGBT como data de luta pela visibilidade lésbica, desde a realização do I SENALE (Seminário Nacional de Lésbicas) em 1996 no Rio de Janeiro.

19 anos se passaram, e a busca por direitos sociais, civis e políticos continua. O Congresso Nacional brasileiro, conformado majoritariamente por setores da burguesia interna conservadora, patriarcal e racista, atua contra o povo do país. Historicamente, esses, que deveriam defender nossos direitos, não somente nos invisibilizam, mas nos afirmam na ação política como “desviadas”, mulheres que devem ser “corrigidas” etc. A apropriação da sexualidade das mulheres e as violências contra as mesmas, como forma de controle das nossas vidas e corpos é parte fundamental do funcionamento do Sistema Capitalsita-Racista-Patriarcal,  que se expressa de diversas formas: dos assassinatos a espancamentos a casais de lésbicas, meninas que usam roupas ditas como masculinizadas, no olhar masculino que expressa o seu desejo quando beijamos nossas companheiras, seja no olhar carregado de ódio e intolerância direcionados às nossas mãos dadas no ponto de ônibus, culminando em violência física e sexual.

A violência está presente tanto no espaço público quanto no espaço doméstico, mesmo que no último ainda seja banalizada e tida como natural.  Muitas vezes, as próprias mulheres não veem como violência a situação que estão enfrentando por serem acostumadas a viver em um ambiente de submissão. Nesse contexto, ainda que demonstre debilidades, a Lei Maria da Penha é um instrumento importante que precisa ser cada vez mais utilizado por nós mulheres lésbicas.

A divisão sexual do trabalho é uma das grandes determinações da desigualdade de gênero e da exploração da mulher, essa divisão vai se organizar a partir do princípio  da hierarquização do trabalho do homem sobre o da mulher. Aliado a isso, a divisão entre público e privado que direciona as mulheres para os espaços privados, longe das decisões que são tomadas dentro do espaço público (dominados por homens). O capital utiliza diversos mecanismos para normatizar as experiências sexuais femininas, e tenta destruir qualquer tipo de expressividade que fuja das regras. Uma das principais imposições é a heterossexualidade (relação apenas entre homens e mulheres).

Tentam nos matar um pouco todos os dias, seja através da disputa ideológica pelos meios de comunicação, sistema educacional que conformam o que é certo ou errado. Os currículos sexistas fortalecem os sistemas de dominação, e ajudam a invisibilizar os inúmeros casos de violência de LGBTfobia dentro das universidades.

Dentre os diversos problemas que temos, um dos que mais nos assusta é a deficiência do acesso à saúde. O despreparo dos/as profissionais da saúde para com entendimento das especificidades das mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais é recorrente. O preconceito acerca da sexualidade dessas mulheres aliado a violência institucional nos serviços médicos demonstra a ausência do conhecimento sobre a diversidade sexual existente.

 

A “Rede Feminista de Saúde” apresenta dados que evidenciam as desigualdades de acesso aos serviços de saúde pelas lésbicas e mulheres bissexuais.  Com relação ao exame preventivo de câncer cérvico uterino (Papanicolau), o referido dossiê cita dados da pesquisa realizada em 2002 pela Coordenação DST/AIDS do Ministério da Saúde que demonstram que entre as mulheres heterossexuais a cobertura na realização deste exame nos últimos três anos é de 89,7%. Já entre as lésbicas e mulheres bissexuais a cobertura cai para 66,7%, mesmo entre pessoas com maior escolaridade e renda. Com relação às mulheres que procuram atendimento de saúde, cerca de 40% não revelam sua orientação sexual. Entre as mulheres que revelaram, 28% referem maior rapidez do atendimento do médico e 17% afirmam que estes deixaram de solicitar exames considerados por elas como necessários.

No Dia da Visibilidade Lesbica precisamos deixar visível que nós existimos, que a nossa luta é por direitos e por igualdade. Devemos construir ações de rua, discussões dentro das universidades, plenárias auto organizadas, atividades nas periferias, onde existem contradições acirradas na vida das mulheres lésbicas, que são dentro das periferias majoritariamente negras.