Por Isis Medeiros, militante do Levante Popular da Juventude
A Juventude que vai para as ruas lutar contra o golpe da direita, sempre se inspirou nas grandes lutadoras e lutadores da história que confrontaram um sistema historicamente opressor e que desde sempre beneficia a burguesia, já privilegiada.
Nosso povo, que foi para as ruas, veio cheio de calor e de energia. Têm as mãos calejadas e as rugas que o sol do dia-a-dia provocou. Esse povo sai do campo, vem de longe, larga seu dia de lavoura, sai correndo do trabalho, desce o morro, vem da universidade e vai às ruas porque tem consciência de que é explorado. Toma um lado nessa disputa porque sabe bem o que quer e defende.
Esse povo sabe, que muito acima dessa polarização partidária, o que está em jogo é a nossa democracia, ainda tão jovem e frágil.
Esse mesmo povo nunca se uniria às manifestações da direita, que desfila seu ódio aos domingos na praça. O lado e a posição do trabalhador nunca vai ser para beneficiar quem o explorou. Isso se chama consciência de classe. Infelizmente muitos nem sabem que estão tendo a força do seu trabalho roubado para fortalecer um sistema ganancioso que busca o lucro explorando vidas.
“Só se identifica com a luta do povo quem vive como povo, quem luta pela sobrevivência e sabe o preço que se paga para obter pequenas conquistas.”
Essa luta é coletiva e democrática sim. Não é espontaneísta, isolada, individual e sem bandeiras. Esse povo vem junto desde sempre, de mãos dadas com um sentimento de união, companheirismo e esperança de enxergar e lutar por um cenário melhor.
É preciso ficar claro que não queremos defender a permanência de um governo que trai um projeto de país e que deveria ser mais popular. O que está em jogo neste momento e o que move esse povo para as ruas é a defesa da DEMOCRACIA e de um Estado de Direito. Algo conquistado com muito sangue e suor, e mantida a custa de muitas batalhas travadas ao longo dos anos.
Esse povo sabe que não temos o governo como gostaríamos, mas estão fazendo pressão para que consigamos mais DIREITOS e mais voz. Não querem nenhum passo atrás, querem o avanço dos seus direitos, mais justiça social.
Lutam porque sabem que sem democracia, não serão ouvidos, não terão mais oportunidade de expressar seus desejos.
Nossa Juventude está na rua pra lutar por um projeto popular que de fato fale a língua do povo, resistindo a uma direita raivosa que não quer perder seus privilégios e muito menos repensá-los, que compra a grande mídia e ilude o povo com falsas soluções propondo varrer a “corrupção” da histórica de um país através da quebra na própria constituição. Que democracia é esta?
MOMENTO ATUAL
Nesse cenário político, temos muita certeza de que não estamos vivendo somente uma guerra entre partidos e heróis, mas o acirramento de uma disputa de ideologias, de formas diferentes de interpretar a realidade que enfrentamos.
Esse povo vai para as ruas para mostrar que a saída antidemocrática que a Rede Globo — ou Rede Golpe — e os setores de direita, apontam como solução para a crise política, econômica e social que vivemos, nada mais é do que uma manobra ilusionista para manter o poder nas mãos de quem sempre o deteve; a burguesia! E não se enganem meus caros, a crise atual é a ferida aberta do modelo capitalista!
E para quem acredita que esse povo saiu às ruas agora, da missa não sabe o terço! Esse povo está acostumado a ir para luta, pois resistem diariamente às opressões, às injustiças, à exploração pelo capital. É o mesmo que se junta na luta por visibilidade dos negros e negras, que luta por reforma agrária popular, contra a exploração desenfreada da terra e dos recursos naturais, além de uma alimentação saudável sem agrotóxico. Luta também pela vida das mulheres, pela visibilidade da população LGBT e por respeito aos indígenas e quilombolas, que resistem ao extermínio.
É o mesmo povo que quer a taxação das grandes fortunas em detrimento da exploração do trabalhador comum, que luta por uma mídia plural e livre de manipulação e partidarismos, pela tributação e impostos justos. É esse povo que luta por uma solução para o país; uma reforma política que atenda os interesses das classes mais atingidas, através de uma Constituinte Popular, pois sabem que é só através dela que será possível mudar o sistema político brasileiro.
Por isso, no dia 18 de março, o Levante Popular da Juventude esteve nas ruas, de Norte a Sul do país, porque sabemos que esse sempre foi o nosso espaço, conquistado por direito! E será nesse mesmo palco que vamos exigir cada vez mais liberdade e respeito, ocupando as ruas com mais amor e solidariedade. E desse lugar o povo nunca deve sair.
“Nós somos a maioria e a rua sempre foi nossa!”