O orgulho é uma bandeira levantada pelo movimento LGBT contra a vergonha. A vergonha é uma das formas de controle que nos foi imposta, mediada pela nossa caracterização como pecadores, sodomitas, anormais e doentes. Desafiar a vergonha e empurrá-la para o armário tem sido a tarefa de uma geração inteira de pessoas LGBT´s no mundo.
Em 1969, embaladas pelo espírito de contestação da contracultura e da revolução sexual que varria os EUA, frequentadoras do bar Stonewall resolveram se rebelar contra a ação da polícia de New York que perseguia e fechava bares frequentados por homossexuais. A ação desfraldou a bandeira do orgulho, inaugurando as Paradas LGBT. O 28 de junho é, em memória desse fato, o dia do orgulho LGBT.
Nos último domingo, 12 de junho, assistimos a um ataque brutal contra uma boate gay em Orlando, nos EUA. Um atirador abriu fogo matando 50 pessoas e ferindo outras 53, no pior massacre ocorrido nos EUA desde 11 de setembro. A nossa reação será sempre de indignação e dor, mas nunca de surpresa, pois a resposta conservadora habitual à conquista da cidadania por minorias políticas é a gritaria odiosa e desesperada que encoraja milhões na cruzada contra o pecado. O recado é claro: “se querem viver dessa forma, que paguem o preço da sua liberdade!” A conta é alta e não há sangue suficiente que a satisfaça. O preço da expiação dos pecados é sempre a fogueira, a cruz, o medo, o extermínio e a invisibilidade.
Os tiros na boate gay ceifaram 50 vidas, mas queriam atingir principalmente a nossa existência no espaço público. O que os promotores do ódio ainda não compreenderam é que a nossa luta pela igualdade e dignidade já foi conquistada quando nos colocamos em movimento. Nunca mais voltaremos para o armário. Nunca mais abaixaremos as nossas cabeças. A violência que antes nos impedia de viver pelo medo, agora alimenta a nossa luta por justiça.
É preciso dizer e repetir: homofobia mata! Assim como todas as formas de LGBTfobia. Uma sociedade que tolera manifestações públicas de ódio potencializa as chances de atos como o que assistimos. A responsabilidade é de todos aqueles que propagam cotidianamente esses discursos e daqueles que toleram sua difusão. Atribuir ao estranho, ao estrangeiro, ao distante, a responsabilidade social pela morte de LGBT´s é mentir sobre o inimigo cotidiano que estamos alimentando em nossas redes sociais, nossos palanques públicos, nossas televisões. Somente o orgulho pode fazer nascer uma sociedade de paz.
Levante Popular da Juventude