O racismo é um processo histórico, permeia o cotidiano de nossas relações, o sistema de regras e símbolos de nossa sociedade e afeta diretamente a experiência de vida das pessoas.
Como sistema de exploração, é baseado na ideia de hierarquização, de categorização de seres humanos, baseado em critérios biológicos ou étnicos, o racismo segue como um sistema de dominação que se expandiu junto do capitalismo no mundo, a acumulação de riqueza e a própria expansão divisão internacional do trabalho estão emaranhadas de desigualdade e exploração étnico-racial.
Com a abolição no Brasil, a elite traduzida em oligarquias atualizou o ódio de classe, antes o inimigo era o escravo, no presente é o assalariado. Um agravante à nossa “libertação” é o padrão de submissão da elite brasileira, profundamente antinacional, antipopular e antidemocrático.
Por isso no movimento negro e em todas as organizações que reivindicam a bandeira da igualdade étnico-racial, é necessário o trabalho continuo de recuperar as experiências históricas do povo brasileiro na luta anticolonial.
É uma falácia preguiçosa e hipócrita acreditar que não houve luta, resistência ou conquistas emergentes da luta dos negros e negras no Brasil, as diversas revoltas populares, os quilombos, as greves e insurreições abertas contra a escravidão.
Por isso é importante disputar a síntese histórica:
Foi este caldo de resistência, atrelado ao medo do Brasil seguir o exemplo de nossos malungos haitianos, que culminou na abolição do escravismo. Não foi Inglaterra, não foi Princesa, não foi dádiva, foi luta.
No Brasil e o mundo somos diariamente convocados a dar continuidade na resistência anticolonial, não há distância entre o que causa o genocídio na Palestina, no Congo ou os desdobramentos do racismo ambiental em cada região com eventos climáticos extremos.
O planeta está girando, seguimos a bordo e precisamos honrar aqueles e aquelas que lutaram antes de nós: Dandara, Zumbi, Luisa Mahin, Aqualtune, Luís Gama… Precisamos seguir a luta.
“Da costa brasil adentro
Mandinga e fé
Heranças, danças, tranças
Mafuá, malungo, reinventar”
“Ao manifesto kingongo, Bois Caiman
Marco primeira revolução Haiti
Partiu Trinidad, Suriname, Cuba
Ilhas malunguistas, meus parentes socialistas”
Via: Brasil de Fato Paraná