PL DA DEVASTAÇÃO E O PAPEL DA JUVENTUDE NA LUTA POR JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL

  • Autor do post:Marta Gomes
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O Projeto de Lei 2.159/2021 propõe mudanças nas regras de licenciamento ambiental. Se aprovado, representará um enorme retrocesso com impactos catastróficos. É o lobby dos ruralistas querendo fazer a boiada correr solta para beneficiar principalmente o agronegócio e a mineração.

O que está em jogo neste presente marcado pelo caô climático é o nosso agora e o nosso futuro. Áreas protegidas estão sob ameaça de devastação — terras indígenas, unidades de conservação e quilombos correm sérios riscos. E nessa conta entram os custos ambientais e sociais, pois, enquanto grandes empresas serão beneficiadas com esse desmonte, o povo e a natureza pagarão o preço da superexploração desenfreada em nome do lucro.

O que é esse Projeto de Lei 2.159/2021? 

Pega a visão: Após anos de muita luta e até sangue derramado, foi instituído em 1981 o licenciamento ambiental por meio de lei federal, mas até hoje não existe uma lei geral que regulamente. No geral, trata-se de um importante conjunto de medidas de proteção ambiental que impõem limites a atividades com potencial de impacto significativo. Grandes empreendimentos como hidrelétricas, rodovias que cortam florestas, grandes obras e áreas de preservação, barragens de rejeitos e atividades de mineração, para funcionarem, precisam respeitar regras de licenciamento ambiental. São normas básicas que servem como mecanismo de contenção de danos, proteção da natureza e garantia dos direitos das populações atingidas por esses empreendimentos.

O PL da Devastação, proposto pela bancada ruralista no Congresso, quer constituir um novo marco do licenciamento ambiental, uma lei geral, apostando em um retrocesso sem precedentes. A proposta permite, entre outros absurdos, que as próprias empresas conduzam seus processos de licenciamento ambiental. A aprovação desse projeto, que já passou no Senado (em 21/05), prenuncia um período de desmonte da lei de licenciamento e descontrole, ignorando tratados e acordos internacionais. E isso tudo ocorre em meio a uma crise climática que atinge duramente o planeta, principalmente o Sul Global, criada e impulsionada pelo modelo capitalista de produção que tem como lógica central a exploração do ser humano e da natureza.

Qual o lugar da juventude nisso?

A juventude é um dos setores que vivencia de forma intensa os efeitos da crise do capitalismo — da crise econômica social à crise climática. O PL da Devastação representa o aprofundamento de problemas que atingem principalmente jovens, mulheres, pessoas pretas, indígenas, ribeirinhas e quilombolas: aqueles e aquelas que vivenciam o racismo ambiental, os que vivem no “quarto de despejo”, nas periferias do país. Lugares que revelam o quão aguda são as injustiças sociais e ambientais.

A juventude que socialmente carrega a promessa de um futuro, tem seus sonhos rifados por uma realidade marcada por injustiças, precariedades e violência. E, que mesmo diante disso, é o sujeito que historicamente assume a luta por um presente mais justo, enfrentando as promessas frágeis de um capitalismo tardio que adoece física e mentalmente.

O Projeto de Lei 2.159/21 solta a boiada sobre nós, sobre um futuro que é inegociável, e que para existir exige um outro modelo de sociedade. Um futuro sem capitalismo.

Hoje, o Brasil tem 33 bilionários do agronegócio, sustentados por 226 deputados e 27 senadores que compõem a bancada ruralista. O PL da Devastação reflete um projeto de país que insiste em se manter vivo às custas da exploração e da nossa soberania, exaltando a violência, o desmatamento, a fome e o genocídio. A sede de lucro está sempre no centro da atuação da bancada ruralista. O projeto da extrema-direita tem como essência a morte: a morte dos rios, das florestas e do povo. Sabemos e sempre lembraremos: A saída para esses problemas não é e nunca será individual, mas sim coletiva. 

É preciso organizar a rebeldia da juventude em torno de uma luta por justiça social e ambiental capaz de barrar os retrocessos anunciados pelo Projeto de Lei 2.159/2021, e exigir que os investidores da miséria paguem pela crise ecológica. Pois sem justiça não há futuro, não há vida.

Marta Gomes, militante do Levante Popular da Juventude

Marta Gomes

Coordenação Nacional do Levante Popular da Juventude

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