O Brasil vive um momento agitado, o que para muitos jovens como nós é novidade. Tudo isso porque nossa geração viveu por décadas um longo período de marasmo, onde as possibilidades de mudança pareciam passar longe da realidade. Olhando pela janela é perceptível que essa situação não é mais a mesma, resta nos perguntar: Vamos abrir a porta e decidir qual rumo queremos para o nosso país?
Em junho de 2013 vivemos um marco da mudança desse momento. Milhares de jovens foram às ruas com seus cartazes em todo Brasil, reivindicando ao Estado mais direitos sociais. Antes desse episódio que ficou conhecido como “Jornadas de junho”, já era possível perceber um aumento significativo no número de greves realizadas pelos trabalhadores. Toda essa efervescência abre o debate sobre como superar os atuais desafios do Brasil.
De lá para cá, o clima de disputa vem esquentando. Os movimentos sociais e as forças progressistas apontam o sistema político brasileiro como o grande entrave que impede os avanços necessários e tão clamados pela juventude nas ruas. Os movimentos sociais propõem uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político através de um Plebiscito Popular, para mudar a política nacional, com o objetivo de tirar a grande “mão” do poder econômico e colocar a “mão” do povo na direção do Brasil. Já os setores reacionários apostam todas as fichas na disputa eleitoral e na derrota da então candidata a presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014, usando como mote central os casos de corrupção em especial o da Petrobras.
Na última semana assistimos aos desdobramentos desse acirramento, com dois atos realizados nos dias 13 e 15 de março. Em meio a tantas informações confusas propositalmente disseminadas pela grande mídia, uma questão pode nos ajudar a refletir melhor sobre tais acontecimentos: qual alternativa aos principais dilemas do Brasil os atos apresentam?
O ato do dia 13, convocado pelas forças de esquerda, leva às ruas a defesa da Petrobras pública e a serviço do povo, e que a riqueza do petróleo seja convertida em mais educação, saúde, moradia e demais direitos sociais para o povo brasileiro. Faz o contraponto a política de ajustes fiscais, e repudia a retirada de direitos dos trabalhadores em nome da saída para grave crise econômica que assola o mundo e nosso país. Além disso, defende uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político para avançar nas reformas democráticas e populares tão urgentes e necessárias.
O ato do dia 15, convocado pelas forças reacionárias com o reforço especial dos grandes meios de comunicação, propõe como solução para corrupção e para os problemas do país o impeachment da presidenta Dilma, eleita legitimamente pela maioria do povo brasileiro.
Será que apenas substituindo quem representa os brasileiros na presidência do Brasil resolveremos nossos principais problemas? Quem assumiria a direção do nosso país? Será que essa mudança nos leva para um caminho de avanços?
É importante observar quais são os setores que impulsionaram as manifestações do dia 15 e quais interesses estão por trás de toda essa cena. Pois está evidente a tentativa de realizar um segundo golpe no Brasil disfarçado de solução para corrupção. A mesma elite formada pelos grandes empresários alinhados ao imperialismo norte americano, que hoje impulsiona o impeachment, realizou um golpe no Brasil que marca nossa sociedade até os dias atuais como um dos momentos mais cruéis e sombrios da nossa história.
Há exatamente 51 anos, setores conservadores saíram às ruas na conhecida “Marcha da família com Deus pela liberdade”. O objetivo era depor o então presidente João Goulart (Jango) logo após um comício em que ele defendeu as reformas de base para o Brasil. A desculpa propagada na época foi a defesa do país de uma possível revolução comunista. Toda essa farsa resultou em 21 anos de ditadura civil militar que torturou, matou e estuprou as lutadoras e os lutadores que reagiram a esse regime lutando por democracia.
Não podemos ignorar ou menosprezar os evidentes sinais das recentes movimentações. São os mesmos atores com os mesmos aliados, porém com uma nova roupagem. É preciso rememorar, pois esse período deixou profundas marcas que não se apagam jamais! Até os dias atuais, os crimes cometidos durante os 21 anos de ditadura não foram julgados. Os torturadores continuam livres para apoiar mais uma tentativa de golpe.
A juventude trabalhadora não pode vacilar! Temos convicção de que a verdadeira solução para combater a corrupção no Brasil é avançar para as conquistas populares, somada a convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, que jamais será realizada por essa elite golpista.
Nesse cenário em que está na ordem do dia uma possiblidade de mudança, seja para um avanço ou para um retrocesso, é inadmissível ficar olhando da janela. Vamos abrir a porta, tomar as ruas e defender um Projeto Popular com os trabalhadores brasileiros.