JUSTIÇA PARA LORENA E O ACESSO A SAÚDE DA POPULAÇÃO TRANS

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Há 13 anos consecutivos o Brasil ocupa o primeiro lugar dos países que mais mata pessoas trans no mundo. Tal fato se expressa também na expectativa de vida de transexuais e travestis. Os motivos são muitos e estão intimamente relacionados ao racismo, patriarcado e capitalismo. Os desdobramentos são a violência física, a discriminação, a exclusão no mercado de trabalho, escolas e universidades e outros espaços públicos.

No último domingo (21), menos de um mês do Dia da Visibilidade Trans, o país recebeu a notícia de que Lorena Muniz, mulher trans de Recife, teve morte cerebral confirmada, dias após ser deixada sedada por médicos em uma sala de cirurgia durante um princípio de incêndio na clínica em que colocaria próteses mamárias.

O ocorrido nos coloca a necessidade de retomar o debate em torno das dificuldades ao acesso a saúde da população trans que, entre os principais fatores é o despreparo dos profissionais de saúde em incluir e garantir o cuidado e a prevenção desta população. Daí a importância do acolhimento, do acompanhamento, respeito ao nome social/pronome e valorização da vida de pessoas trans. Direitos previstos em lei e nos princípios norteadores do SUS.

#JustiçaParaLorena

Quem foi Lorena?

Lorena Muniz, 25 anos, pernambucana, mulher trans; Era maquiadora e cabelereira. Apaixonada pela festa de São João, fazia parte da Quadrilha Junina Tradição. Também era casada há 6 anos com Washington Barbosa.

Um de seus maiores sonhos era colocar próteses mamárias. Não por uma questão estética, mas por sua identidade e existência.

Teve sua vida interrompida pelo descaso de uma clínica privada. Longe de casa, sem amigos e sem sua família. Os 4 mil reais não valem nenhuma vida humana. A vida de Lorena ou de qualquer pessoa trans não tem preço.

Você sabia?

A portaria nº2.836, de 2011, instituiu a Política Nacional Integral de LGBT, que garantiu as pessoas travestis e transexuais o direito a saúde integral, humanizada e de qualidade no SUS

Dificuldades

  1. A exclusão e marginalização presente nas estruturas sociais acarretam estigma e discriminação nos serviços de prevenção e saúde. Essa realidade leva a diagnósticos tardios e negligência nos cuidados.
  2. A desinformação e despreparo dos profissionais da área da saúde tornam-se obstáculos no acesso à saúde.
  3. A distribuição geográfica desigual dos serviços específicos a pessoas trans pelo SUS, resulta em enormes filas e consequentemente impulsiona a procura para clínicas privadas que em sua maioria não possuem o preparo necessário.

Como avançar?

1. Investir no Sistema Único de Saúde (SUS)

2. Articular políticas públicas, além de educação para atendimento integral e inclusivo

3. Fortalecer redes de apoio institucionais que possibilitem o acesso a saúde de pessoas trans na Atenção Básica e Atenção Especializada.

4. Naturalizar existências e respeitar a dignidade humana

5. Fomentar ações de solidariedade e de organização entre população LGBT e demais setores da sociedade.