Cerca de 350 jovens militantes participam do primeiro Acampamento da Juventude Campo e Cidade do Alto Sertão Sergipano, na cidade de Monte Alegre de Sergipe, de 15 à 17 de março de 2013.
O evento está organizado pelo Coletivo Campo e Cidade, que reúne movimentos sociais da juventude, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento dos Pequenos Agricultores, grupos de cultura popular do Alto Sertão e a Igreja Católica.
A reivindicação principal do Encontro é a implantação do Campus da Universidade Federal de Sergipe (UFS) no Sertão. Durantes os três dias, os militantes participaram de debates em plenárias, momentos culturais com músicas; teatro e danças regionais, oficinas de agitação e propaganda e formação política.
Segundo Rafaela Alves, militante do MPA e coordenadora do Acampamento, “a realização do Acampamento surgiu de uma necessidade de aprofundar o debate sobre a educação, na perspectiva da ampliação do movimento a favor da UFS no Sertão.” Para a militante, esta ampliação se torna indispensável por conta do êxodo rural que vem marcando a região nos últimos anos: “O nosso campo está ficando esvaziado, por causa das péssimas condições objetivas de vida: falta de acesso à educação de qualidade e saúde, fechamento de escolas, avanço do agronegócio e dos megaprojetos, entre eles, o projeto de central nuclear no Sertão.
Todos estes fatores atingem diretamente a reprodução do campesinato e existem também na cidade, subsidiando o discurso da não implantação da UFS no Sertão, enxergada ainda como uma região sem potencialidade.”
Segundo Rafaela, o modelo de desenvolvimento através do capital demanda a formação de quadros técnicos, mas não atende às necessidades locais. Aqui se insere a razão da implantação do campus da UFS na dimensão de outro projeto de desenvolvimento para a região.
Esmeraldo Leal, da direção estadual do MST, sinalizou durante o debate que a elite brasileira, desde o tempo da colonização, tenta impedir a maioria da população o acesso a uma educação crítica e democrática. Neste contexto, a juventude se levanta numa perspectiva diferenciada do modelo dominante. Mas só conseguirá isto através de muita luta.
No final da tarde, uma grande marcha reuniu os participantes nas ruas de Monte Alegre de Sergipe, para sensibilizar a população com as causas do Acampamento.
“O processo avança numa perspectiva de unidade dos movimentos, de debate com o público e formação de consciências. Queremos conquistar uma universidade, na qual o povo possa estudar e que seja contemplado por ela. Temos claro o nosso horizonte: vamos fazer mais ações, marchas, debates. E vamos seguir unificando as lutas de vários movimentos do Alto Sertão Sergipano”, ressaltou Rafaela Alves.