Hoje, 17 de novembro, saímos pintamos às ruas do Rio Grando do Norte, do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Ceará, para dizer que não aceitamos o Genocídio da juventude negra.
Segue abaixo a nota contra o genocídio do povo negro.
Levante Contra o Genocídio do Povo Negro.
Nós, do Levante Popular da Juventude deixamos nossas marcas nas ruas neste 17 de novembro de 2014 em memória a vida de cada um dos jovens, em sua maioria negros, executados pelas polícias brasileiras. Com isso, fazemos coro a um grito que vem sendo historicamente ecoado por diversos movimentos sociais brasileiros há anos em nosso país: BASTA DE GENOCÍDIO DO POVO NEGRO.
Os índices de mortalidade da juventude negra só ilustram a barbárie em que vivemos. Ser negro no Brasil é ter mais 3,7 mais chance de morrer de forma violenta. Os números da violência só crescem em nosso país, de 2009 a 2013, subiu de 44.518 para 53.646 o número de homicídios. Entre todas essas vítimas, 36.479 eram jovens negros, ou seja, 68% do total de mortos. Os índices são do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), no entanto, essa realidade pode ser identificada na sensação de medo permanente que acompanha nossos jovens nas periferias brasileiras. O GENOCÍDIO do povo negro é a face mais cruel e latente da incapacidade que o Brasil carrega até os dias de hoje de superar o pesadelo da escravidão, e a perpetuação do racismo.
No inicio do mês de novembro o Brasil viveu mais um episódio dessa tragédia permanente, na madrugada do dia 5 de novembro uma chacina orquestrada via rede social por policiais militares matou pelo menos 9 pessoas em números oficiais, acredita-se que esse número possa ser muito superior ao divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Pará. Agentes policiais teriam invadido bairros da periferia do Para, matando indiscriminadamente moradores e transeuntes com a finalidade de vingar a morte de um policial militar morto no dia 04 de novembro em um dos bairros. A tragédia foi anunciada pelo perfil no facebook de um policial militar no Pará.
O genocídio do povo negro é uma realidade tão naturalizada em nosso país, que até a data de hoje a presidenta Dilma Roussef não prestou nenhum esclarecimento público sobre o ocorrido e não demonstrou nenhuma intencionalidade em pressionar o estado do Pará ou mobilizar para que os órgãos federais investiguem os crimes.
Os autos de resistência, ou a resistência seguida de morte, são uma ferramenta utilizada pelo estado brasileiro, desde a ditadura militar, para mascarar a letalidade policial. Os HOMÍCIDIOS praticados pelas polícias são registrados como Resistência seguida de morte, evitando assim que esses casos sejam investigados como de fato deveriam ser.
A ação de hoje é só mais uma das ações que vem sendo construídas em todas as partes do nosso país. O objetivo é único: ocuparemos as ruas, pintaremos os muros, e denunciaremos cada vez mais o genocídio do povo negro. Engrossamos as fileiras do Movimento Negro Brasileiro na luta pelo fim do racismo e do genocídio. Compreendemos essa política que massacra nossa juventude como a expressão mais indigna da institucionalização do Racismo Brasileiro.
A juventude brasileira se coloca em luta por cada um dos jovens que morre violentamente no Brasil, e enfrentaremos todas as batalhas necessárias até a vitória.
EXIGIMOS:
- A IMEDIATA APROVAÇÃO DO PL 4471 QUE DETERMINA O FIM DOS AUTOS DE RESISTÊNCIA NO BRASIL
- POSICIONAMENTO DA PRESIDENTA DILMA ROUSSEF SOBRE AS MORTES OCORRIDAS NO PARÁ
- A IMEDIATA INVESTIGAÇÃO DA CHACINA OCORRIDA NO PARÁ NO DIA 5 DE NOVEMBRO
- O COMBATE CONCRETO E PERMANENTE AO GENOCÍDIO DO POVO NEGRO