Na ofensiva conservadora, a juventude negra é o primeiro alvo

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Os anos 70 e 80 foram marcados pelo surgimento de diversas organizações populares que tiveram grande influência na disputa política brasileira no período. Com o neoliberalismo, na década de 90, a maior parte dessas organizações sofreu grande refluxo, o que fundamentalmente foi, aos poucos, retirando do povo a disposição e referência na organização popular e na luta como forma de transformação.
Os que resistiram, como o movimento sindical e o MST, foram alvo de grande ofensiva: com as restrições ao direito de greve no caso do primeiro, e com a criminalização e massacres, como o de Carajás, no caso do segundo. O movimento negro, mesmo protagonizando grandes lutas, nunca teve uma base de massas organizada no Brasil, além de também ser atingido pela mesma onda neoliberal.  Com a mudança no cenário político, a esperança da luta para transformação social perde lugar para luta institucional.
Os anos 2000 inauguram o ciclo neodesenvolvimentista iniciado no primeiro governo de Lula. A conquista de políticas públicas, impulsionadas pelo movimento negro, como a SEPPIR e as políticas de ações afirmativas, fortemente confrontadas pela burguesia, colocam o debate da negritude no cenário nacional. Contraditoriamente, o governo que adota algumas medidas visando melhorar a vida do povo negro acirra o racismo e aprofunda as tensões de classe. Essa pequena elevação da condição de vida da população negra provoca o escancaramento do racismo no Brasil, antes velado pelo mito da democracia racial.
No mesmo período em que houve essa elevação do padrão de vida dos trabalhadores em geral, houve um crescimento significativo da violência e dos homicídios, em especial da juventude negra. Esse cenário pode se tornar ainda pior para a população negra, pois a crise que se avizinha afetará os grupos sociais de formas diferentes. Os primeiros a serem descartados serão os trabalhadores jovens, em especial mulheres e negros.
Agravando esse quadro, as forças imperialistas associadas aos setores conservadores da sociedade brasileiras intensificam a sua investida. No momento em que os movimentos sociais têm lutado por direitos, o Congresso Nacional quer nos fazer perder os já conquistados. Na última semana foi votada na CCJ a redução da maioridade penal. Os impulsionadores dessa iniciativa são vinculados à chamada “bancada da bala” – deputados e senadores oriundos das polícias e financiados por empresas que visam à privatização do sistema prisional, com o objetivo de lucrar com a segurança pública. Essa medida pode significar o aprofundamento da criminalização da Juventude negra, além  do fortalecimento da política de encarceramento de massas.
Esse é mais um ataque à juventude negra! Estamos vivendo uma grande ofensiva orquestrada por aqueles que se beneficiam do Sistema Político brasileiro: os fundamentalistas e a elite conservadora. É hora de ocupar as ruas contra a redução da maioridade penal e apontar os limites desse Sistema Político. A disputa institucional não irá avançar sem pressão popular. É preciso conquistar a juventude pois sabemos que só a luta muda a vida. E só nas ruas poderemos garantir nossos direitos e barrar essa onda conservadora.
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