Dia 25 de novembro é o dia internacional pela eliminação da violência contra as mulheres. Esse dia é celebrado desde 1999, prestando homenagem às irmãs Pátria, María Teresa e Minerva Maribal, violentamente torturadas e assassinadas, em 1960 pelo regime de Rafael Trujillo, que promoveu uma sangrenta ditadura na República Dominicana entre 1930 e 1961.
“Las mariposas”, como ficaram conhecidas, eram militantes contra a ditadura na década de 1950 e a grande comoção que houve quando foram mortas, em 25 de novembro de 1960, ajudou a desestabilizar o regime, culminando, em 1961, no assassinato de Trujillo, cuja família chegou a ser dona de 70% das terras cultiváveis do país.
Embora a data seja construída a partir da tirada da vida de mulheres, sabemos que as formas de violência contra as mulheres são complexas e muitas. Há a violência física, mas também a violência psicológica, sexual, patrimonial e moral, de acordo com a Lei Maria da Penha. E há ainda a violência do sistema capitalista, que nos limita, exclui, explora e oprime, condicionando-nos a precariedade e a tripla jornada de trabalho.
Na pandemia, quando falávamos das profissionais de saúde, das trabalhadoras essenciais, esqueciam de dizer que somos nós, mulheres, a maioria esmagadora nesse setor, somos 64%. Enquanto tínhamos o trabalho triplicado no espaço doméstico.
Nós mulheres, somos as responsáveis pelo trabalho invisível na sociedade. Lavamos, passamos, cuidamos, cozinhamos. Somos as primeiras a ser demitidas em contextos de crise. Recebemos 20% a menos que homens. E isso se agrava ainda mais quando falamos de mulheres negras e jovens. O patriarcado, o racismo e o capitalismo construíram um nó de opressões que complexifica a realidade de nós mulheres.
Ao mesmo tempo, somos nós mulheres, a linha de frente na luta e resistência contra o bolsonarismo. Fomos nós mulheres, as quitandeiras no Brasil Colônia que organizaram as fugas dos escravizados para construir um projeto livre e popular. Fomos nós, mulheres, que resistimos nos bairros durante a ditadura militar e nas universidades, como Helenira Rezende. Fomos nós mulheres, que ocupamos as ruas contra a PEC 1904, dizendo que criança não é mãe e que aborto deve ser um direito! Fomos nós mulheres, que contra o inverno conservador, construiu a primavera feminista resistindo contra Cunha, e que agora precisa retomar a luta contra a PEC 164/12 que tenta fazer com que qualquer procedimento de aborto seja crime no nosso país.
Somos nós, mulheres, que usamos da nossa voz e da nossa arte para denunciar, cuidar e organizar outras mulheres, assim como fez Elza Soares. Ser mulher é ser rebelde, é se levantar contra qualquer forma de opressão e exploração até que todas sejamos livres!