Por Ana Carolina Barros Silva
Em coletiva de imprensa convocada pelo Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem-Terra (MST) realizada hoje, 02 de fevereiro de 2016, no Sindicato dos Jornalistas em São Paulo, os dirigentes João Pedro Stédile e João Paulo Rodrigues fizeram a leitura da “Carta de Caruaru”, documento que orientará as lutas do movimento durante este ano.



Na carta o movimento enfatiza a crise profunda vivida pelo capitalismo mundialmente e aponta o esgotamento do modelo neodesenvolvimentista implementado no Brasil, que gerou alguma distribuição de renda mediante a conciliação de classes. O MST ressalta que a Presidente da República, Dilma Roussef, errou em suas decisões político-econômicas desde o início de seu segundo mandato. Na ótica do movimento, a implantação de medidas neoliberais apenas fragilizou ainda mais a nossa conjuntura econômica e não contribuiu para que o país saísse da crise. A direção dos sem-terra exige, ainda na carta, o enfrentamento da atual política para a agricultura, baseada no modelo do agronegócio, hoje sob a “tutela” da Ministra Kátia Abreu, que, aliada as transnacionais, só concede lucro ao capital estrangeiro as custas da precarização da vida dos pequenos agricultores e camponeses brasileiros.



O MST reafirma sua luta por uma reforma agrária ampla e popular que se desenvolva sob a égide do paradigma agroecológico, da não utilização de agrotóxicos e da produção de alimentos saudáveis para todos os cidadãos brasileiros. Para tanto, o MST promete, em 2016, intensificar as mobilizações populares e aumentar as ocupações, afirmando que a única forma de atingir, de fato, uma redistribuição de terras no Brasil é pela desapropriação de latifúndios improdutivos. Conjuntamente, a luta do movimento também será por uma educação de qualidade no campo, pela existência física de escolas no meio rural, pois a verdadeira reforma agrária popular não acontece sem formação.
Por fim, o MST declara que voltará as ruas em 2016, ainda mais mobilizado e fortalecido, para lembrar os 20 anos do massacre de Carajás, para lutar pela democracia e contra o golpismo, o conservadorismo do congresso nacional, o monopólio da mídia e a atual política econômica que aprofunda a desigualdade social no Brasil.