Há exatos quatro anos, lançavam-se as bases de uma organização nacional. Não se sabia ao certo o que seria, nem como funcionaria. Contudo, nós que lá estávamos, mais de 1000 jovens, compartilhávamos de uma mesma convicção: o povo brasileiro precisa romper as centenárias amarras coloniais e se levantar para construir um novo projeto de nação
Havia o caminho pragmático, bem estruturado, e que parecia ser muito efetivo. Contudo, os que seguiam por ele só olhavam pra baixo e não conseguiam erguer a cabeça. Não percebiam que com isso, acabariam sendo levados para um lugar que não queriam chegar, pois nunca observavam o horizonte. Mas era um caminho tão sedutor e confortável, com ambiente climatizado, que muitos não se viam perdidos, mas ao contrário, sentados em seus gabinetes afirmavam ser “o único caminho possível”.
Além deste, havia outro: o caminho idealista. Lindo e perfumado, nos identificamos de imediato. Contudo, o caminho idealista de tão “puro”, mas tão “puro”, não cabia o povo dentro dele. Quem seguia por ele, estufava o peito de arrogância, empinava o queixo para o horizonte, e só olhava para o além. Sabia onde queria chegar, mas não sabia onde estava pisando, nem se o abismo se aproximasse. No fundo, o caminho idealista, carregava esse adjetivo não por seus ideais, mas por só existir no plano imaginário. Em especial no plano imaginário das mesas de bar universitárias.
De um lado o caminho sem horizonte, de outro o horizonte sem caminho. Ao afirmarmos a construção do Levante, recusamos essas alternativas. O caminho não estava dado, era preciso caminhar para forjar-se o caminho. Contudo, não seria um caminho fácil, nem “puro”, seria um caminho eivado de contradições, inerente àqueles que atuam sobre a realidade concreta, mas ancorado no rumo da emancipação do povo brasileiro e da integração popular e soberana da América Latina.
Desde então o Levante caminha. Caminha sem negar o acúmulo histórico das organizações populares, ao contrário, reivindicando parte desse legado, mas ao mesmo tempo sabendo da necessidade de reinterpretar a luta social e política nos marcos desse momento histórico e desta geração.
Nesse período, o Levante se nacionalizou, estando presente em praticamente todos os estados, constituindo-se como uma referência do Projeto Popular para vários setores da juventude. Apesar da precariedade do nosso processo de construção, bem como dos nossos limites enquanto organização, o Levante se consolidou como um dos principais movimentos de juventude da atualidade.
Comemoramos hoje quatro anos em que esse gérmen de organização brotou no solo marcado pela resistência dos Guarani. Nestes cinco dias de acampamento em Santa Cruz do Sul, as nossas principais características já emergiam. Ali respiramos luta, alegria e coragem. Desde então, o Levante inspira e expira esse ar.