A luta das mulheres é um experimento socialista

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Há dois momentos na história atribuídos socialmente como marcos para a definição do 8 de março como o dia internacional das mulheres. O primeiro, e mais conhecido, é de um incêndio que aconteceu nos EUA em 1911, em que por negligência dos patrões que trancavam as portas de saída de emergência de uma fábrica têxtil, centenas de mulheres foram queimadas vivas. Mas antes deste ocorrido, que sempre deve ser lembrado, mas que, no entanto, concretamente não foi definidor da data porque ocorreu depois das primeiras organizações do dia internacional das mulheres, lá no início do século XX, acontecia uma efervescência das lutas feministas, mais conhecida como a primeira onda feminista. No final do século XIX, com a criação da Segunda Internacional Socialista é determinado como meta síntese da organização, a definição de uma data internacional para as mulheres, que em 1907, ou seja, antes do incêndio nos EUA, na Conferência de Mulheres Socialistas, com a presença de Clara Zektin (Alemanha) e Kollontai (Russia) é definido o dia 23 de fevereiro (no calendário juliano) como o dia internacional das mulheres trabalhadoras. No 8 de março de 1917 – no calendário gregoriano – ou 23 de fevereiro – no calendário juliano -, Petrogrado enfrentou a falta de combustível, o que gerou uma reação de escassez de produtos em cadeia. Mulheres trabalhadoras voltavam de mãos vazias das filas de padarias para suas casas. Operárias de uma fábrica armamentista, revoltadas com as condições precárias geradas pela má gestão do Governo tsarista, entraram em greve. As ruas foram tomadas pela fúria das mulheres e homens trabalhadores que só saíram de lá com a tomada do poder, ou seja, com a formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Hoje no Brasil com uma crise sanitária, econômica, política e social sob as rédeas de um governo dirigido por um genocida e negacionista, assume um contexto econômico e social de banalização das vidas e são as mulheres em geral que carregam o fardo das mudanças catastróficas na vida cotidiana, seja com o aumento dos trabalhos de cuidado com as crianças, idosos e enfermos, seja com os crescentes casos de violência de gênero contra mulheres e pessoas LGBT, já que a quarentena exigiu que se isolem junto a seus abusadores. Há ainda o desafio da alta dos produtos do mercado e combustível, o que afeta diretamente também na consolidação do “bem-viver”, responsabilidade atribuída a mulher dentro do lar.

No que se refere a um dos trabalhos mais precarizados e sobrecarregados durante a pandemia, são as mulheres que representam a maior parte da força de trabalho na área da saúde, especialmente na enfermagem. De acordo com as Nações Unidas (ONU), estima-se que elas compõem 67% da mão de obra do setor. As mulheres também são maioria das trabalhadoras nos serviços de limpeza e no serviço social (90%). No caso do Brasil, por exemplo, das 2,7 milhões de pessoas empregadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 2 milhões são mulheres, isto é, 75,4% do total. Em termos de raça, 34% da força de trabalho do SUS é composta por pessoas negras, sendo 8% homens negros e 26% mulheres negras

Somado a isso, o governo Bolsonaro reforça e agrava o ataque à vida das mulheres. Sabemos que a reforma da Previdência, assim como a reforma trabalhista aprovada ainda no governo golpista de Temer, são medidas duríssimas para as mulheres trabalhadoras. Da mesma forma, o corte no orçamento da educação e nos programas sociais como Bolsa Família, minha casa minha vida e o auxílio emergencial afetam diretamente a vida de milhares de mulheres.

E é por isso que não só no mês de março, mas nos últimos períodos, em oposição ao capitalismo, ao patriarcado e ao racismo, em todas as partes do mundo as mulheres têm mostrado sua criatividade, força e solidariedade contra políticas neoliberais, contra o aumento do conservadorismo aspirando a construção de uma nova sociedade, com novos valores e de poder nas mãos do povo.

Acreditando na construção de valores mais humanitários, o exercício da solidariedade nacional e internacional ganha destaque e força, e é nela que nos apoiamos para defender nossos territórios e conquistar corações e mentes. Assim, neste mês de março, diante de todo o cenário de crise e pandemia, faz-se necessário o exercício da solidariedade como instrumento de trabalho e de unidade entre as classes e as forças.

Por isso, convocamos toda a classe trabalhadora indignada com a violência, com a fome e a morte a construir um amanhecer feminista no dia 8 de março de 2021, para que todos e todas as brasileiras possam acordar com a nossa mensagem de esperança. A tarefa de agitar a chegada do novo é nossa!

Sem Feminismo! Não há Socialismo!