Vivemos um momento político atípico da jovem democracia brasileira, em que nos deparamos com uma crescente disseminação de ideias e práticas autoritárias na sociedade, tendo como expoente Jair Bolsonaro, hoje presidente da república. A partir do golpe de 2016 e com as eleições de 2018, se aprofundou a crise econômica, política, social e ambiental, que tem colocado o Brasil e o povo brasileiro sob uma ofensiva de retirada de direitos sociais, desmonte do estado nacional e instabilidade democrática.
Desde nossa entrada na União Nacional dos Estudantes, nunca defendemos que a entidade se posicionasse em primeiro turno porque respeitamos e valorizamos a pluralidade de posições políticas e opiniões distintas no movimento estudantil, sendo esse um dos elementos que torna a UNE democrática, forte e enraizada em todo país. Também porque acreditamos que mais que apoiar um candidato ou outro, a centralidade da UNE deve ser debater e aprovar uma plataforma política que oriente as lutas estudantis durante e após o período eleitoral.
Contudo, essa pluralidade política presente na entidade, também está em risco diante de Bolsonaro e suas ameaças. Por isso, entendemos que nesse contexto é fundamental que a maior entidade representativa dos estudantes se posicione diante das eleições deste ano em apoio a única candidatura que pode derrubar eleitoralmente o fascismo, a de Luís Inácio Lula da Silva. Diferente dos processos eleitorais passados, em que estavam em disputa projetos democráticos, o que está em jogo agora é a democracia contra a barbárie, o autoritarismo e o golpismo. Na semana passada, Bolsonaro convocou embaixadores ao Palácio do Planalto para mais uma vez atacar as eleições livres e questionar a legitimidade das urnas eletrônicas. Mesmo com as pesquisas eleitorais favoráveis, sabemos que será uma eleição dura e violenta, como já tem sido, a exemplo do recente assassinato de Marcelo Arruda, assim como o de Marielle Franco em 2018, Anderson, Mestre Moa, expressões da violência política incentivada pelo atual presidente.
A UNE, entidade de mais de 80 anos de história, deve conduzir a mobilização e organização dos estudantes para derrotar o principal inimigo da Educação e do Brasil. Para derrotar o bolsonarismo nas ruas e nas urnas, será preciso um movimento-campanha que envolva os estudantes, a partir da criação de comitês populares de luta em cada universidade do Brasil e com entidades estudantis atuantes e mobilizadas.
O 11 de agosto, dia do estudante, deve ser um marco de mobilização na luta em defesa da democracia para que em outubro tenhamos força para garantir que a decisão do povo brasileiro não será questionada e o processo das eleições livres será respeitado. Não é possível dissociar projeto de educação de projeto de país, para pintar a Universidade de povo, conquistar direitos estudantis de acesso e permanência, democratizar a Universidade é preciso derrotar Bolsonaro e reconstruir o Brasil.
Levante Popular da Juventude