AS ESCOLAS NÃO PRECISAM DE POLICIAIS, PRECISAM DE ESTRUTURA!

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Policiais em frente da Escola Estadual Thomázia Montoro na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo. Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA

Após o lamentável ataque à Escola Estadual Thomazia Montoro, na cidade de São Paulo, o governador do estado, Tarcísio de Freitas, veio às redes sociais anunciar ações que tomaria em resposta ao ataque realizado. Entre as ações, destaca em seu twitter:

“A contratação de policiais da reserva para que eles fiquem de forma permanente nas escolas e ajudem a tornar o ambiente mais seguro”.

Tarcísio, a presença de policiais militares nas escolas não torna o ambiente mais seguro. O que as escolas precisam de é estrutura e valorização!

Estudos demonstram que o aumento da violência contra as escolas têm origem na cooptação de jovens, especialmente garotos brancos e heterocisgênero, pela extrema direita, através da interação pelas redes sociais, em fóruns, jogos, com membros do que se convencionou chamar de “machosfera”. São espaços que circulam forte conteúdo misógino e violento, discursos de ódio contra minorias e reforçando a “supremacia” branca e ocidental. Portanto, no âmbito da segurança pública, precisamos fortalecer a investigação e monitoramento desses espaços virtuais, com a responsabilização e criminalização de quem propaga tais discursos, bem como intenso compartilhamento de informações com as escolas, pais e responsáveis.

Não à toa, Bolsonaro vetou integralmente a proposta que garantia atendimento por profissionais de psicologia e serviço social aos alunos das escolas públicas de educação básica. Governo do qual Tarcísio fez parte durante quatro anos! A justificativa: não há fonte de recursos para criação de despesa obrigatória. A gestão Tarcísio, inclusive, encerrou o contrato terceirizado do programa Psicólogos na Educação, que já existia no estado de São Paulo, demonstrando que não há interesse em garantir o suporte adequado à comunidade escolar. 

Além disso, foram os bolsonaristas que perseguiram, durante os últimos anos, profissionais de educação, incentivando alunos e alunas a gravarem suposta “doutrinação comunista”, fortalecendo projetos como “Escola sem Partido” e a defesa do Novo Ensino Médio, que reduz a carga do currículo escolar de Ciências Humanas e Aplicadas, como História, Geografia, Sociologia e Filosofia, disciplinas com conteúdo crítico contra o negacionismo da extrema-direita.

Por fim, combater a violência contra as escolas exige garantir melhores condições de trabalho para os profissionais da educação. São estes profissionais que estão adoecendo com a sobrecarga, a pressão e, ainda, a perseguição das patrulhas da extrema-direita. Para que uma professora ou professor possa identificar comportamentos estranhos de seus alunos e dar o correto endereçamento, não podemos ter salas superlotadas, professores exaustos e sem vínculo com a comunidade escolar. 

Portanto, se quisermos enfrentar seriamente o aumento da violência contra às escolas, precisamos debater as raízes do problema e não adotar medidas como a instalação de grades, detectores de metais e a presença das forças de segurança nos espaços escolares. As escolas devem ser ambientes acolhedores e não opressores!