Desafios da juventude e luta contra o fascismo são temas de mesa no Acampamento do Levante

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Foto: Guilherme Gandolfi / @guifrodu

Momento é de luta para retomar direitos básicos retirados no governo Bolsonaro, aponta movimento

Quais são os desafios da juventude brasileira neste momento político? Nesta sexta (15) esse foi o tema de uma mesa de debates do IV Acampamento do Levante Popular da Juventude, que teve a participação de Marcelo Freixo, integrante do Partido dos Trabalhadores (PT) e presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (EMBRATUR); Juliane Furno, economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da coordenação nacional do Movimento Brasil Popular e Daiane Araújo, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude.

A mesa aconteceu dentro da programação do acampamento, que acontece até o dia 17 de novembro na Faculdade de Letras da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ). O encontro reúne quatro mil jovens de todo o Brasil para debater as demandas da juventude brasileira e as formas de combinar a luta por direitos e o combate ao fascismo.

Crise do Capitalismo E desafios do Governo Lula

Os impactos da crise do capitalismo na vida da juventude foi um dos temas abordados. Para Juliane Furno, um dos impactos é o fato dessa geração de jovens não ter mais uma perspectiva positiva de futuro. “Somos a primeira geração que está vivendo pior que as gerações passadas. Há uma insegurança em relação ao trabalho formal, de se aposentar, de ter direito pleno à moradia… Precisamos apontar uma saída radical para isso e apresentar que temos uma utopia para o futuro”, ressalta a economista.

Juliane também aponta o desafio das forças populares para puxar o Governo Lula à esquerda para que o programa eleitoral de 2022 se concretize. “O Governo Lula tem sido constrangido por essa fase do capitalismo, que pressiona nossas atividades sociais e econômicas. Por isso, os movimentos populares precisam se posicionar com radicalidade. É papel também da juventude dar mais condições para o Governo Lula cumpra seu programa que foi apresentado nas urnas, com mais políticas públicas e melhorias para a classe trabalhadora”, finaliza.

Juventude e combate ao fascismo

Uma das questões debatidas foi também o papel da juventude no combate à extrema-direita e ao fascismo. A vitória de Donald Trump nas eleições estadunidenses, o atentado ao STF e a possibilidade de anistia dos golpistas do 8 de janeiro e do próprio Bolsonaro apontam a necessidade das forças populares de combater o fascismo e aprofundar a democracia.

“O que aconteceu em Brasília essa semana? É normal aquilo? A gente fala em democracia o tempo todo, ainda mais num país que já perdeu isso, mas o que essa democracia significa de forma concreta na vida das pessoas? Precisamos materializar isso”, questiona Freixo, que também pontua a importância de manter a mobilização contra a anistia de Bolsonaro e dos golpistas do 8 de Janeiro: “Esse país não aguentaria mais quatro anos de governo Bolsonaro. Bolsonaro tem que ser preso. A juventude tem que pedir a prisão de Bolsonaro e dizer que não quer anistia para os golpistas”, afirma.

Desafios para organizar a juventude brasileira

Vice-presidenta da UNE, Daiane Araújo, pontua que a falta de acesso a direitos sociais é um dos empecilhos para que a juventude se organize. “É sobre essa conjuntura que nossa juventude tem a vida materializada, porque a juventude da classe trabalhadora vive em postos precarizados, seja na escala 6×1, na uberização e na retirada de seus direitos de forma generalizada. É nesse cenário que nossa juventude vive um processo de desesperança”, afirma.

Nesse cenário, onde as possibilidades de acesso aos direitos sociais foram minadas pela extrema-direita através das políticas neoliberais após o golpe de 2016, o principal desafio deste momento político é aliar a luta por direitos básicos, como educação, saúde e emprego com a luta de combate ao fascismo, que é um obstáculo para que a juventude da classe trabalhadora tenha uma vida digna.

Daiane aponta a derrota do fascismo como condição para a reconstrução das possibilidades de vida da juventude brasileira. “Construir um Projeto Popular para o Brasil e derrotar o fascimo é fundamental. Não tem como concretizar nosso projeto de sociedade para o Brasil sem derrotar nossos inimigos. Para isso, precisamos ter iniciativa política, fazer nosso trabalho de base e também precisamos disputar ideologicamente a juventude. O desafio é sair daqui entendendo coletivamente o desafio de fazer avançar a organização da juventude”, finaliza.