Um ano após a violenta onda de mobilizações contra o governo de Nicolás Maduro, sabidamente financiadas com o intuito de criar um ambiente para um golpe de Estado, mais uma iniciativa da extrema-direita foi descoberta e desarticulada em terras venezuelanas. O intento, que previa ataques ao Palácio de Miraflores (sede do governo), ao Ministério da Defesa e ao canal de televisão TELESUR é a demonstração objetiva do que as Oligarquias são capazes quando o que está em jogo é o poder político do Estado.
Chama atenção a cobertura da grande mídia brasileira em relação a mais essa tentativa de golpe, em especial da Rede Globo. Omitem descaradamente os fatos que levaram a prisão do prefeito de Caracas, Antônio Ledezma. Este teve a prisão preventiva decretada acusado pela Justiça venezuelana, em uma investigação do Ministério Público iniciada ainda em 2014, pelo delito de conspiração e associação para o cometimento de atos terroristas. Tais intenções foram comprovadas nas violentas manifestações de rua, que são parte do plano conhecido como “La Salida”, que já vitimaram 43 pessoas desde que se iniciaram, e na recente tentativa de golpe desmascarada.
Será que a Rede Globo, que sempre se apresenta como a paladina da ética, da verdade e imparcialidade, continuará apresentando um terrorista como herói? Isso não é nenhuma novidade se tratando de quem tem uma história construída junto ao terrorismo de Estado instaurado com os golpes militares no Brasil e na América Latina, demonstrando, mais uma vez, que não tem nenhuma legitimidade quando o assunto é democracia.
É importante observar que esta movimentação ofensiva dos setores reacionários de extrema-direita não é exclusividade da Venezuela. A atual conjuntura internacional, onde a cada dia que passa se aprofundam os efeitos da crise do sistema capitalista, tem inspirado diversos processos de caráter fascista representados nas diversas iniciativas em curso tanto na Venezuela como no Brasil.
A Revolução Bolivariana é emblemática pela singularidade de seu processo. O papel central do seu máximo comandante, Hugo Chávez Frias, que habilmente conduziu a construção de uma sólida relação entre os setores progressistas das forças armadas e o grande sentimento de indignação popular em torno de um programa de caráter nacional, democrático e popular, expressa uma novidade para os padrões tradicionais da esquerda. Combinando distribuição de renda com reformas estruturais, o governo venezuelano viabilizou um processo de polarização e consequente politização dos setores populares que, no confronto político e ideológico com as oligarquias locais e externas, foi escancarando as contradições do Estado burguês, avançando gradativamente na organização popular, que aos poucos se transformou na grande fortaleza do governo revolucionário.
Por isso é que a Revolução Bolivariana se transformou numa inimiga tão perigosa aos interesses imperialistas no continente, pois conseguiu, juntamente com as mobilizações populares e as demais experiências de governos progressistas na América Latina, frear o avanço indiscriminado do projeto neoliberal, materializado na proposta derrotada da ALCA. Além de contribuir nessa importante vitória, a Venezuela também é protagonista de importantes iniciativas que hoje já se configuram como alternativas de integração social, econômica e política na região como a ALBA, UNASUL e CELAC e na própria reconfiguração do MERCOSUL.
Para retomar a hegemonia abalada, o imperialismo estadunidense através das sempre subservientes classes dominantes locais e seus setores mais reacionários, ecoados pela grande mídia internacional, se coloca, cada vez mais, numa postura ofensiva a todas as iniciativas que não se submetam aos seus desmandos.
Desde os processos independentistas, há mais de 200 anos, até hoje, fomos impedidos de realizar-nos enquanto pátrias livres e soberanas. Todas as vezes em que os povos ousaram se rebelar e construir projetos autônomos aos ditames imperialistas, as oligarquias locais, entreguistas e submissas, apelaram para a violência armada para manter seus privilégios ameaçados.
É preciso encarar a batalha política e ideológica em curso na Venezuela como nossa, pois o que está em jogo por lá diz respeito diretamente a todo o continente. É papel da juventude revolucionária, comprometida com a construção de um novo modelo de sociedade, se colocar em defesa da soberania e do direito a autodeterminação do povo venezuelano na definição de seus rumos e de seu destino enquanto pátria.
Diante de tal cenário, diversos movimentos sociais, organizações políticas, coletivos, entidades de todo o mundo, estão convocando entre os dias 1º e 8 de março, a Semana Mundial de Solidariedade à Revolução Bolivariana. É na práxis que construiremos um verdadeiro projeto de integração e solidariedade entre os povos de nuestra América, sendo continuadores da construção de uma Pátria Grande, livre, soberana e socialista.
“Levanta en tus manos la bandera de la revolución y grita con fuerza, Yankee go home!!” Alí Primera