Recife foi palco do maior Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB) da história da União Nacional dos Estudantes. Com a participação de mais de 3 mil Centros Acadêmicos (CAs) de todo o país, o conselho aconteceu junto da Bienal “Festival dos Estudantes” entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro e reafirmou o compromisso do movimento estudantil com o povo brasileiro e seu protagonismo na luta pela educação e na disputa dos rumos do Brasil.

Derrotar o fascismo construindo um Brasil popular

Passados dois anos de governo Lula, em meio a chantagens e boicotes do Congresso Nacional à educação, a insuficiência da frente ampla em conduzir o programa que elegemos e os desafios colocados pelo fortalecimento da extrema-direita e do centrão no período pós-eleições municipais, a organização e mobilização popular estão na ordem do dia. Por isso, reunir milhares de estudantes em Recife e enraizar a ideia de que para que o governo que ajudamos a eleger dê certo é necessário disputá-lo com uma agenda propositiva, foi um marco fundamental.

Com a reorganização da extrema-direita em vários países, o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e a necessidade de fortalecer a luta em defesa da democracia e dos povos oprimidos de todo o mundo, disputar corações e mentes da classe trabalhadora em torno de outro projeto de sociedade são imperativos ainda mais determinantes. No Brasil, é urgente exigir a prisão de Bolsonaro e de todos os golpistas. Mas, para além disso, é fundamental enfrentar os inimigos da educação no Congresso Nacional e a tentativa de cerco da extrema-direita e do mercado financeiro que tentam sequestrar o programa eleito nas urnas em 2022. O 16° CONEB se insere nesse contexto e nós defendemos sua realização como um instrumento essencial para fortalecer o Movimento Estudantil e as lutas populares.

Um dos principais legados desse CONEB foi a consolidação de uma agenda unitária para o movimento estudantil, materializada na aprovação da Jornada de Lutas e da construção do Plebiscito Popular. Há muito, afirmamos a necessidade de avançar na combinação da sustentação ao governo, tendo em vista os ataques constantes da extrema-direita, com a constituição de uma frente popular que pressione e dispute o governo por políticas que melhorem a vida do povo, obtendo vitórias em pautas necessárias, como reforma agrária, preço dos alimentos, saúde e educação.

É momento de estimularmos a criatividade na juventude para que possamos desenvolver iniciativas que contribuam para o acúmulo de forças da esquerda brasileira na sociedade. Por isso, defendemos que a UNE assuma um papel protagonista na construção do Plebiscito Nacional pela taxação dos super-ricos e pelo fim da escala 6×1.

Vemos no Plebiscito uma oportunidade de debater com a população sobre temas estruturantes da sociedade brasileira, permitindo associá-los ao desafio da construção de uma educação mais justa, democrática e igualitária. Um exemplo disso, é a possibilidade de debater com os estudantes e com a sociedade brasileira como a concentração de riqueza tem relação direta com a falta de orçamento para a educação pública no Brasil. Além disso, é urgente refletirmos sobre os impactos das mudanças no mundo do trabalho na educação superior, na permanência do estudante nas universidades e na própria organização estudantil.

Neste sentido, a Jornada de Lutas deve ser impulsionadora de um processo de retomada do protagonismo e de reorganização do Movimento Estudantil, fortalecendo as entidades de base e ocupando o lugar das ruas, fazendo delas o palco dos estudantes.

Saímos de Recife com tarefas concretas para o Movimento Estudantil: um calendário de lutas nacional, que deve estimular a mobilização dos estudantes por mais orçamento para a educação; a construção de uma pauta de reivindicações que posicione o tema da Reforma Universitária no dia a dia do Movimento Estudantil; e a construção de uma iniciativa unitária dos movimentos populares, que deve ser ferramenta de diálogo e de trabalho de base com os estudantes e com todo o povo brasileiro.

A unidade na UNE é pra lutar!

Diante das questões apresentadas acima, reafirmamos que a unidade segue sendo uma necessidade histórica e será imprescindível para dar consequência a política e às tarefas assumidas pela UNE. Por isso, a expressiva unidade que se constitui no 16° CONEB, com a acertada movimentação do campo da Juventude Sem Medo, deve ser encarada como um importante passo para a consolidação de uma nova maioria na entidade, consciente e responsável com as tarefas da nossa geração.

Neste sentido, o CONEB referendou o processo que tem se experimentado desde o CONUNE de 2023, reafirmando a unidade como necessidade e apontando para a realização de um grande Congresso da UNE em 2025, capaz de combinar a experimentação da luta cotidiana, a partir das agendas aprovadas no CONEB, e os acúmulos coletivos sobre os desafios do Movimento Estudantil.

Um novo ciclo de lutas para o Movimento Estudantil!

A UNE sai desse CONEB fortalecida, com tarefas concretas para mobilizar os estudantes em cada universidade. O evento foi um marco na retomada da iniciativa política da entidade. Agora, o desafio é transformar essa energia em uma mobilização constante, capaz de disputar consciências e posicionar a UNE como uma entidade combativa e alinhada às lutas populares, tendo como tarefa ser aglutinadora nas lutas políticas, econômicas e ideológicas contra a extrema-direita; desenvolver no interior da UNE a unidade do movimento estudantil; enraizar no movimento estudantil a luta pela Reforma Universitária; retomar o protagonismo das ruas, com a Jornada de Lutas como estandarte das lutas populares; e construir o Plebiscito Nacional, vinculando temas como orçamento para a educação, jornadas exaustivas de trabalho, participação política e direito a ser jovem.

A verdade é que nossa geração deixou sua marca na história da União Nacional dos Estudantes, construindo um CONEB gigante e vitorioso politicamente. A UNE sai fortalecida e bem posicionada, consciente do papel que deve cumprir no próximo período. Diante de tantos desafios, é necessário fazer com que essa vitória política seja uma agenda pulsante de mobilizações. É necessário darmos consequência à efervescência política dos estudantes brasileiros, construindo e fortalecendo nossas ferramentas de luta, enraizando em cada universidade a tarefa de transformar nossos sonhos em conquistas concretas!