O Rio de Janeiro vive hoje mais um dia de terror imposto pela política de segurança do governo de Cláudio Castro. A megaoperação sob seu comando transformou a cidade em um laboratório de extermínio da juventude negra, do povo trabalhador e das comunidades periféricas.
O saldo é devastador: 64 mortos – entre moradores, trabalhadores e policiais -, 45 escolas fechadas apenas nos Complexos do Alemão e da Penha, transporte público paralisado, moradores com casas invadidas e milhares de trabalhadores impedidos de chegar a seus destinos. O que deveria ser proteção à população se tornou demonstração de incompetência, autoritarismo e desprezo pela vida do povo fluminense.
O que assistimos hoje não é “combate ao crime”, é uma política de extermínio e controle social. Essa violência não é neutra: é racializada e territorializada. A juventude negra e periférica paga o preço mais alto – cercos, balas, prisões arbitrárias e a sensação de que sua vida não importa para o Estado. Segundo dados do Instituto Fogo Cruzado, 53% das vítimas de bala no Grande Rio foram atingidas em operações policiais, e 37% dos tiroteios da cidade envolvem a polícia, evidenciando a seletividade da violência.
É a herança da escravidão que ainda estrutura o Estado brasileiro: desde o período colonial, o Estado aprendeu a controlar territórios negros pela força, tratar a pobreza como inimiga e a vida do povo como descartável. Hoje, essa lógica se reproduz nas operações policiais, que criminalizam e massacram a juventude negra, consolidando desigualdades históricas e aprofundando o racismo estrutural no Rio de Janeiro.
A espetacularização da violência – que transforma mortes em manchetes e fuzis apreendidos em “troféus” – mostra como o governo trata a vida da população periférica como espetáculo, priorizando show midiático para gerar voto e lucro, no lugar de políticas de prevenção, educação, trabalho e saúde.
Chacinas e operações letais não desarticulam o crime organizado; apenas territorializam o poder armado, legitimam a barbárie e transformam o Estado em algoz do povo que deveria proteger. Enfrentar o crime exige investigação estratégica, coordenação federativa e controle civil, além da presença real do Estado através de educação, trabalho, saúde, cultura e infraestrutura.
Pena de morte e execuções sumárias não têm lugar na lei nem na democracia. O Estado que mata em nome da “segurança” abandona o Estado de Direito e comete crime. Defender a democracia é recusar a violência estatal como política pública.
Queremos segurança com direitos, não segurança pela bala. Segurança pública se faz com prevenção, investigação, transparência, inteligência e políticas públicas integradas – não com fuzis apontados para nossos corpos. Juventude quer viver!
 
 


