[PAPO RETO] É PRECISO ARMAR O POVO COM UM NOVO PROJETO

Você está visualizando atualmente [PAPO RETO] É PRECISO ARMAR O POVO COM UM NOVO PROJETO

O pobre Pinóquio, aquele que toda vez que mentia o nariz crescia, se sentiria humilhado diante dos golpistas de tão alto nível que andam soltos por essas terras. Já não se preocupam mais em afirmar que não importa a lei ou se há algum crime ou não, usam este discurso apenas para que seus apoiadores não fiquem tão nus em praça pública. O vício em mentir e encobrir golpes vem de longa data, a última foi em 1964 quando um golpe militar instaurou uma longa ditadura de 21 anos. Porém, segundo os golpistas mentirosos, não foi um golpe e sim uma “revolução”. Sim, uma “revolução” que era a salvação do Brasil contra o comunismo, a corrupção e pela manutenção da paz e da ordem social. Na verdade era a contrarrevolução. Era a derrota das “reformas de base” propostas pelo governo Jango e apoiadas por amplos setores da classe trabalhadora e do povo brasileiro; era a derrota do projeto que aprofundaria a democracia e aumentaria a soberania e o controle da economia pelo povo. No lugar disso, nossos golpistas mentirosos implantaram um modelo econômico antinacional, antipopular e silenciaram e assassinaram homens e mulheres, muitos deles jovens, que corajosamente combateram o regime.

Hoje, abril de 2016, mais uma vez os adoradores do Pinóquio, a elite brasileira, resolvem dar outro golpe e contar outra mentira: dizem que o “impitiman” não é golpe. Mentira. Desta vez o golpe é sofisticado, usa toga, colete a prova de balas e potentes câmeras de TV. Seus soldados usam terno e gravata e alguns, pela toga preta, talvez pensem que são algum tipo de homem-morcego dos trópicos. A corrupção é novamente o motivo central da implacável luta, ou seja, mais uma mentira. Uma mentira porque até o mais desinformado sabe que Eduardo Cunha e sua gangue, que estão conduzindo o “impitmam”, são de fato os maiores criminosos do país. Uma mentira porque em nome do combate a corrupção se cometem todos os crimes possíveis contra a constituição e inclusive se permite que corruptos tentem derrubar uma presidenta que não é sequer acusada. Deveriam estar todos presos. É um golpe, e disso não temos mais dúvidas.

Diante desse golpe uma ampla resistência se levantou desde o dia 18 de Março. Uma resistência ainda difusa, espontânea em grande medida, e que vem ganhando apoio em amplos setores da sociedade. São milhares de pessoas, muitas delas jovens, que vão além do campo de defesa do governo ou do PT, pois está claro que não se trata mais apenas do governo Dilma, mas sim de defender as mínimas garantias democráticas conquistadas com o fim da ditadura.

A defesa da democracia contra o golpe é a tarefa da hora. Porém, a questão central é: qual estratégia manterá nas ruas esse levante? Sem isso, podemos perder a energia e a força necessárias para mudar a correlação de forças para mudar os rumos da política e da economia. Por isso, o Projeto Popular nunca foi tão necessário como agora. Qualquer que seja o desfecho da luta que estamos travando estará na ordem do dia a necessidade de mudanças profundas. A crise é de longo prazo.

A probabilidade de o golpe triunfar existe porque os setores que o desejam não vão recuar, e muitos podem ser os caminhos para a sua realização. Entretanto, não podemos imaginar que o reino da farsa neoliberal que será implantado e seu projeto antinacional e antipopular serão aceitos passivamente, que o povo voltará para casa e seguirá sua vida normal.

A derrota do golpe é hoje também possível e, nesse caso, também um novo projeto precisa entrar na ordem do dia. Será impossível qualquer avanço com o esgotado neodesenvolvimentismo que, na prática, já não existe. De início se fará urgente e necessária uma reforma profunda do sistema político brasileiro que, nesse momento, caminha como um morto-vivo atrás de algum cérebro desavisado que ainda não percebeu o seu fim. Uma constituinte exclusiva que altere todo o sistema é de interesse nacional nesse momento. Também uma ampla guerra pela democratização dos meios de comunicação será inadiável. O controle do petróleo por uma Petrobras 100% estatal, um amplo investimento na geração de empregos e retomada da indústria nacional. Ampliação maciça nos programas de acesso a educação. Esses são apenas alguns pontos que já são praticamente consenso entre os que defendem a democracia e pensam um novo país.

Portanto, independente do que nos aguarda, necessitamos colocar o projeto popular na ordem do dia. Esse amplo movimento de resistência ainda não atingiu seu ponto alto, não conquistou o coração da classe trabalhadora. E aí está a nossa tarefa: usar todo o potencial da juventude para debater e construir em cada canto do país o projeto do povo brasileiro. É visível em todas as manifestações que estão ocorrendo que o sonho de um novo Brasil pulsa e já não cabe nas velhas roupas que usa. Esse novo Brasil não sairá de um golpe, ao contrário, o golpe anularia esse sonho.

É preciso se armar de um novo projeto. Só será possível vencer e manter o ânimo se o sonho de um novo Brasil for construído ao lado da defesa da democracia e estiver vivo no coração de quem luta. É preciso isso para afastar o pesadelo do fascismo que cresce e mostra a que veio nas inúmeras agressões cotidianas que estamos vendo.
A história nos trouxe até aqui, é a hora de assumir nosso papel. São milhões contra o golpe, em sua grande maioria jovens. E nossa tarefa é debater e organizar a força capaz de destruir com nossos verdadeiros inimigos, e fazer dessa resistência um levante popular do povo brasileiro.