Marcha Mundial das Mulheres e Levante Popular da Juventude realizam escracho à atlética da Medicina da USP

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Por Maria Júlia Montero*

Fonte: Marcha Mundial das Mulheres

A Marcha Mundial das Mulheres, em conjunto com o Levante Popular da Juventude, realizou, na manhã desta quarta-feira, 21, um escracho à Atlética da Faculdade de Medicina da USP – AAAOC, Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz. A ação se deve às denúncias de estupro e violações dos direitos humanos em geral ocorridos na universidade, envolvendo a referida entidade estudantil.
A ação tem como objetivo denunciar os casos de violência contra a mulher ocorridos na universidade, nas festas e trotes, e o silêncio da instituição. Além disso, visa denunciar a cultura do estupro perpetuada pelas ações da atlética, desde seus hinos, até os cartazes de divulgação de festas.

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A violência nas universidades

Desde o ano passado, inúmeras denúncias de violências na Universidade de São Paulo (e muitas mais) vieram à tona, principalmente na Faculdade de Medicina, o que levou à realização de audiências públicas sobre o tema pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado de SP – ALESP, e posterior instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os casos, não só da USP, mas de todas as universidades paulistas, públicas ou privadas.
A violência ocorrida nas universidades se dá principalmente pelo ambiente altamente hierárquico, que se escancara em momentos como os trotes, festas e competições esportivas. Algumas músicas cantadas pela atlética, por exemplo, fazem referências a estupros, principalmente ao falar de outras universidades, como a Unifesp (Escola Paulista de Medicina). Além disso, são extremamente racistas e homofóbicos. Isso cria um ambiente em que todos esses tipos de violência são considerados normais.
As festas também são locais em que ocorrem diversos tipos de violência. Mulheres são dopadas para que se possa abusar delas, e há o “bosque” e tendas estilo “dark room”, em que dificilmente se pode ver ou escutar se a mulher está desmaiada ou gritando. Vale lembrar que no referido “bosque” só são permitidos casais heterossexuais, e que alunos homossexuais já foram agredidos por irem ao local.
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Todos esses casos são conhecidos pela Universidade, porém, o que se vê ou é o silêncio completo por parte de sua administração, ou mesmo a ridicularização daqueles/as que denunciam, como as recentes declarações do reitor Marco Antonio Zago, em que afirmou que as denúncias são um processo inquisitorial contra a Universidade.
Nós, da Marcha Mundial das Mulheres e do Levante Popular da Juventude não aceitaremos mais a violência. Seguiremos mobilizadas até que a universidade admita que esses casos existem, puna os responsáveis de acordo com suas competências administrativas e acadêmicas e encaminhe os casos para as autoridades jurídicas.

A violência contra a mulher não é a USP que a gente quer!
Se não houver justiça, haverá escracho feminista!
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

Obs.: Confira o vídeo realizado pela MMM sobre o assunto aqui.

*Maria Júlia é militante do Núcleo Helenira Resende da MMM/SP, antigo Núcleo USP.