TRANSforme sua Opinião! Levante-se pelo fim da Transfobia!

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No mês da visibilidade trans o Levante Popular da Juventude saiu às ruas e redes sociais para denunciar a transfobia que violenta diariamente a juventude trans. Foram artes, cartazes, colagens e vídeos com o intuito de visibilizar a população trans e sua luta por direitos.

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Não aceitamos e não aceitaremos qualquer forma de discriminação e ódio contra as pessoas transexuais, travestis e transgênero. É com este compromisso que construiremos um projeto colorido e popular pra o Brasil sem qualquer forma de discriminação.

Dia 29 de janeiro é dia de luta para TRANSformar sua opinião se levantar-se pelo fim da transfobia!

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Confira a entrevista com o Arthur Suzzart*, transexual e militante do Levante de Salvador/BA:

Levante: Por que é necessário lutar pela visibilidade trans no Brasil?

Arthur: Antes que eu possa falar sobre isso, é importante lembrar que a luta para visibilizar as pessoas e movimentos que transgridem o conservadorismo, o patriarcado e rompem com os padrões e normas do capitalismo já vem acontecendo há muito tempo. A luta pela visibilidade trans no Brasil que também se configura como um movimento que rompe com todos os padrões das identidades fixas, tem suas necessidades e várias barreiras a serem enfrentadas, por isso a organização e o trabalho coletivo é que dá força para peitarmos esses desafios rumo a nossa emancipação e ao empedramento coletivo.

O movimento de transhomens é uma organização nova. Hoje temos o IBRAT, Instituto Brasileiro de Trasmasculidades que se instituiu de forma coletiva que visando atuar em todo o Brasil na promoção da visibilidade, saúde, educação; lutar pela dignidade dos transhomens para que possamos acessar os espaços e direitos de que qualquer ser humano é merecedor, sem nenhuma descriminação.

Os homens trans sofrem violências, passam por momentos de constrangimento e têm seus direitos violados bruscamente todos os dias porque temos uma sociedade que prevê intervenções a partir de um padrão heteronormativo e cisnormativo criados a partir do que é tido como homem e mulher. Quando nascemos já nos deparamos com uma sociedade que têm suas normas e regras determinadas, excluindo completamente as diversas possibilidades de identidades. O nosso país não garante que essas pessoas sejam respeitadas a partir do gênero a partir do qual ela própria se reconhece.

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Esse é o Arthur que nos cede a entrevista.

É necessário lutar para que em grupos e organizações possamos romper com a visão binária e naturalista sobre o ser mulher e ser homem, até porque considero que a categoria gênero é um constructo social.

Temos a necessidade de sermos reconhecido como ser humano, ter assegurado para nós políticas públicas e direitos que reconheçam e respeitem as nossas subjetividades e particularidades.

É importante lembrar que todos os dias pessoas trans, principalmente mulheres trans e travestis, morrem por transfobia. Essas pessoas são excluídas brutalmente das relações sociais, do mercado de trabalho, e quando estão inseridos pertencem a um nível brutal de precariedade. Pessoas trans de todo o Brasil UNI-VOS!

Levante: Como você percebe a violação de direitos às pessoas trans?

Arthur: É um pouco forte ter que reafirmar isso, mas é preciso tornar visível que temos em todos os espaços os nosso direitos violados, não temos nem se quer o reconhecimento da cidadania.

Sem os documentos legais compatíveis com seu gênero, sem leis para proteger, sem ofertas de trabalho, sem banheiro público para frequentar, sem roupas com modelagens apropriadas no mercado, sem escolas preparadas para se cursar, sem apoio familiar e social para se ter uma auto-estima razoável, somos uns meros ousados que lutam todos os dias pela nossa existência.

A transexualidade ainda é considerada como transtorno de identidade, as pessoas trans são consideradas como pessoas que têm sofrimento mental, o que já as coloca como suspeitas para reivindicar seus direitos.

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Não temos se quer o direito ao nome, que é a primeira coisa que se dá a um ser que nasce, somos violentados nas salas de hospitais, não temos autonomia se quer ao nosso corpo, somos obrigados, ainda hoje, para oficializar na justiça o nosso nome, a nos submeter a um processo de acompanhamento por dois anos para que no final um médico nos dê um laudo que comprove ou não nossa transexualidade. Lembrando que a fila para realizar as cirurgias é gigantesca, desmotivando totalmente as pessoas que desejam retificar o seu nome e adequar o seu corpo ao gênero que se reconhece.

Sem falar que mesmo quando conseguimos conquistas e avanços nas políticas sociais decorrentes das mobilizações sociais, os profissionais não são capacitados para acompanhar as mudanças. Se os trabalhadores não têm acesso às informações, as pessoas trans não tem os seus direitos garantidos.

Levante: Quais são os principais desafios para a visibilizar a população trans no Brasil?

Arthur: A aprovação pelo Congresso da PL 50002-13, lei de identidade de gênero ou lei João W Nery que proporcionará a mudança do prenome e do gênero nos documentos, sem necessidade de cirurgia, harmonização ou laudo psiquiátrico é uma pauta fundamental.

Reformular o currículo das escolas fundamentais fazendo com que pessoas trans consigam acessar a educação com a idade correta para a alfabetização e inserção nas escolas e universidades, tendo seu gênero respeitado. Além disso, consolidar o discurso de gênero e sexualidade na educação infantil para que fortaleçamos o combate a lesbo-homo-bi-transfobia.

Capacitar profissionais das áreas de educação, segurança e da saúde para lidar com este segmentoda população. Implementar as disciplinas universitárias colocando a cadeira de gênero e sexualidade no currículo obrigatório nas universidades nas áreas de saúde, humanas e educação, e principalmente reformular os currículos do ensino fundamental e médio. Além de medidas concretas de oferta de emprego dignas.

As gay, as bi, trans e sapatão, tão tudo organizada pra fazer Revolução!
Eu tô na rua é pra lutar, por um projeto colorido e popular!

*Arthur estuda Serviço Social na UFBA, é homentrans e se coloca diariamente na luta contra a transfobia. Também atua IBRAT – Bahia (Instituto Brasileiro De Transmasculinidade).