Não vamos baixar a cabeça

Você está visualizando atualmente Não vamos baixar a cabeça

11063280_724788534308596_48754791_nSe tem uma coisa que diferencia esquerda e direita, progressistas e reacionários, é a resposta à pergunta “qual futuro quero construir para os mais jovens?”. Estamos passando por um momento muito louco em que essa disputa está sendo feita de muitas formas, e é preciso estar alerta.

Quem protagoniza essa ofensiva são os setores mais conservadores da nossa sociedade. A mesma gente que se incomodou com várias coisas que mudaram no Brasil nos últimos anos. Gente que reclama do bolsa família e não comemora que o Brasil finalmente saiu do mapa da fome. Gente que acha absurdo empregada doméstica ter direito trabalhista, pobre andar de avião e negro fazer faculdade… ou apresentar a previsão do tempo na televisão!

Um projeto, que não parece articulado, mas que atinge a juventude. A juventude que nos últimos anos se levantou. Levantou seus cabelos em belos black-powers. Que levantou suas cores, suas bandeiras. Que levantou a cabeça ao andar na rua, ao falar no microfone, ao produzir arte e cultura na periferia. A juventude que anda de cabeça erguida, porque tem sonhos, porque acredita que pode fazer parte da construção de um futuro mais feliz pro seu povo. E batalha cotidianamente por isso.

Começa com o petróleo: o fundo social do pré-sal foi construído para garantir que a riqueza natural de nosso país seja destinado principalmente para a educação. José Serra (lembram desse vampiro?) propôs um projeto de lei (para ser aprovado em uma tarde!) que muda toda a forma da exploração da riqueza mais importante do nosso país. É um projeto de quem quer enriquecer as transnacionais do petróleo e não o povo brasileiro. É um projeto de quem quer afundar a educação, acabar com o futuro da juventude.

Continua na educação: os cortes já anunciados pelo governo federal, que retira dinheiro da educação para agradar banqueiros. Um projeto de quem está mais preocupado em enriquecer o “mercado financeiro” do que em educar seu povo.

E na educação ainda tem mais: estão sendo aprovados os Planos de Educação em nosso país, que determinam metas para os próximos 10 anos da educação das crianças e jovens. De maneira mentirosa e fanática, líderes de seitas religiosas têm destilado ignorância e preconceito para barrar o debate sobre gênero e diversidade nos Planos de Educação. Um atentado contra a vida da juventude e das crianças, pois ao não discutir sobre opressão e violência de gênero e sexualidade na escola permitimos que a situação continue como é.

E, na prática do mais absurdo “tapetão”, Eduardo Cunha protagonizou a aprovação da redução da maioridade penal no congresso. Um projeto que é absolutamente ineficiente para enfrentar os problemas de segurança que temos. Da UNICEF à Anistia Internacional, passando por todas organizações e movimentos que defendem a criança e o adolescente, os direitos humanos e as causas sociais, todos apresentam argumentos profundos que comprovam que a redução não resolve. Mas o congresso trai a própria sociedade ao não fazer desse um debate mais público e amplo.

Esse é o projeto: sem educação e a educação que tem sem humanidade, sem futuro, sem possibilidade de viver sua vida com respeito, sem possibilidade de aprender com os erros. Um futuro de prisão. O que querem esses reacionários é baixar nossa cabeça.

Eles querem mesmo é que o povo volte para a senzala, para as favelas, para a vida sem perspectivas e sonhos. Eles querem que a gente baixe a cabeça.

Mas sabemos que é a união do povo, em luta e levante, o que transforma a realidade. Construir um projeto de nação em que o povo tenha voz. Em que o povo possa escolher o futuro de seus jovens, e de seu país.

O recente plebiscito na Grécia nos dá esperanças: o povo que decide tomar o destino nas mãos e desafiar os grandes bancos internacionais. E afirmar: preferimos enfrentar as dificuldades juntos do que entregar nossa riqueza para os banqueiros. O futuro da pátria só pode ser construído pelas mãos do povo.

É por isso que a juventude não deixa de se levantar. E seguiremos em luta, em levante e em marcha até que todos sejamos livres.