Desde 2004, no dia 29 de janeiro é comemorado o dia da Visibilidade Trans no Brasil, data que marca a luta por direitos sociais de pessoas transexuais e travestis. Desde então, pouco caminhamos para inclusão e acesso aos direitos básicos como educação, saúde e trabalho por essa população. Nosso país esta na lista dos que mais assassinam pessoas trans no mundo, além da falta de políticas sociais que garantam a permanência dessas pessoas na educação e no acesso ao mercado de trabalho, 90% ainda sobrevivem da prostituição e têm cada vez mais dificuldades de qualificação profissional, o que nos nega a vida social, o que nos torna sem perspectivas nessa sociedade.
Não bastando os retrocessos históricos sofridos pela população LGBT concretizados nas violências diárias, temos um novo governo federal representado pelo conservadorismo e neoliberalismo, que não só nega os direitos humanos, mas privatiza os serviços públicos, retirando a função social do estado e deixando na mão do mercado a vida do nosso povo.
As últimas declarações da nova Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, sobre “É uma nova era no Brasil, meninos veste azul e meninas veste rosa” demonstra a posição do governo na defesa das normas sociais de gênero, e consequentemente na exclusão das pessoas que se diferem dessas normas heterossexuais e morais do que é ser homem e ser mulher na sociedade, ou seja, as pessoas LGBTs, em especial as pessoas transexuais e travestis, não se encaixam nos padrões que o governo assume como “correto”.
Essa postura do governo Bolsonaro fica nítida ao retirar a população LGBT das diretrizes nacionais dos direitos humanos, invisibilizando as violências sofridas por essa população e a construção de políticas públicas que os abarquem, além disso, foi apresentando um projeto na Câmara dos Deputados que suspende o atendimento socioassistencial da população LGBT, o que representa uma articulação política conservadora que pretende retroceder nas políticas sociais e atacar diretamente essa população.
Com o avanço do conservadorismo aliado ao golpismo, vivenciamos uma disputa das ideias na sociedade marcada desonestamente pelas “fakes news” contra a população LGBT, como a “ideologia de gênero” e o “kit gay” que legitimaram um discurso fascista e conservador, assim como, legitimaram o ódio e a violência contra essa população. A saída do país e do mandato de deputado federal por Jean Wyllys, parlamentar que simboliza a resistência em defesa da diversidade, nos mostra a face cruel da violência e da intolerância, tão validada nesse discurso que nos nega a vida.
É frente a esses desafios que a visibilidade da luta trans se faz cada vez mais necessária, denunciando os retrocessos desse governo fascista, combatendo e resistindo ao preconceito, e retomando o diálogo com o povo brasileiro sobre o direito de sermos quem somos. Lutar contra os retrocessos dos direitos da classe trabalhadora é lutar em defesa da nossa vida.
Nossa história é marcada pela luta por justiça social e contra as desigualdadesnuma sociedade patriarcal, racista e LGBTfóbica. Seguiremos defendendo a democracia e o direito de vivermos com dignidade. Resistência e organização política são a nossa resposta!
*Janaína Lima – Militante da Consulta Popular