Coluna da Jessy Dayane, via Brasil de Fato
O dia internacional das mulheres se aproxima e diversas iniciativas de luta no Brasil inteiro estão sendo organizadas. Destaco que o dia 8 de março tem suas raízes históricas na luta das mulheres trabalhadoras por direitos, por igualdade e pelo fim da exploração, e assim historicamente essa data tem cumprido um importante papel na luta do conjunto da classe trabalhadora com o protagonismo das feministas. É nesse contexto de um governo autoritário que avança na implementação de um projeto de retirada de direitos, as mulheres se colocam novamente na linha de frente da resistência.
Afirmar que o governo Bolsonaro reforça e agrava o ataque à vida das mulheres não é novidade, sabemos que a reforma da Previdência, assim como a reforma trabalhista aprovada ainda no governo golpista de Temer, são medidas duríssimas para as mulheres trabalhadoras. Da mesma forma, o corte no orçamento da educação e nos programas sociais como Bolsa Família e minha casa minha vida afetam diretamente a vida de milhares de mulheres.
Além da avassaladora precarização do trabalho, esse governo também é fiador da violência, estimula o ódio e as armas, e enfraquece os mecanismos de combate à violência contra mulher decorrentes do machismo estrutural. O último atlas da violência revela um aumento de 53% nos casos de violência sexual, no qual 7 em cada 10 são crianças e adolescentes de até 19 anos. Também fica demonstrado nessa pesquisa que a taxa de feminicídio bateu recorde histórico, chegando a 4,7 assassinatos a cada 100 mil habitantes.
O atlas da violência também explicita que em quase todos os casos de violência o agressor da mulher é uma pessoa próxima (pai, padrasto, marido, ex-namorado etc) e que 70% dos casos ocorrem dentro de casa. Porém, mesmo diante desses dados alarmantes, o governo Bolsonaro cumpre o desserviço de combater a proposta de educação sobre a questão de gênero nas escolas. Além disso, o governo tem promovido o desmonte das casas da mulher brasileira e cortou ferozmente o orçamento destinado as políticas públicas de combate à violência contra a mulher. Essa tem sido a resposta do governo Bolsonaro para esses dados que demonstram que nossas mulheres estão sendo violentadas e assassinadas.
Como se não bastasse o aumento da violência contra as mulheres e o projeto ultraliberal que está sendo implementado, o governo Bolsonaro ataca fortemente nossa democracia, como ficou evidente nas últimas semanas com o chamamento público da população às ruas pelo fechamento do congresso nacional e do Supremo Tribunal Federal a partir da figura do próprio presidente da República. Sem contar que o próprio presidente mais de uma vez elogiou ditadores que torturaram e estupraram mulheres que lutavam pela democracia no período da ditadura militar.
Não podemos esquecer jamais que no dia 14 de março completaremos 2 anos do assassinato de Marielle Franco, que se tornou uma grande simbologia da luta das mulheres feministas, por expressar a participação das mulheres na política em defesa dos interesses do povo, e que por esse motivo foi brutalmente assassinada, representando mais um golpe contra a nossa democracia. Um golpe que derramou sangue e levou à morte uma grande companheira.
Nesse sentido, não faltam motivos para as feministas tomarem as ruas contra o governo Bolsonaro. Relembro que foram as mulheres as primeiras a se levantar contra o autoritarismo machista de Bolsonaro ainda durante o processo eleitoral, quando mobilizamos milhares em todos país nas manifestações do “Ele Não”. E agora, após pouco mais de um ano de governo, nos levantaremos novamente contra o governo Bolsonaro, por nossas vidas, por democracia e direitos! Por justiça para Marielle, Claudias e Dandaras!
Ao longo da história nós, mulheres, lutamos para estudar, lutamos para trabalhar, lutamos para ter direito ao voto, e até os dias atuais lutamos diariamente para viver. Essa é a nossa história, e por isso carregamos nos nossos corpos as marcas da opressão e da resistência! Se é verdade que somos violentadas diariamente, também é verdade que nunca abaixamos a cabeça, nunca deixamos de lutar em nosso nome, em nome das que se foram e em nome do conjunto da classe trabalhadora.
No próximo domingo, no dia 8 de março, estaremos nas ruas escrevendo mais uma página dessa história de resistência e força! Em São Paulo (SP), nos encontraremos na Avenida Paulista, na altura do número 1853, às 14h, no parque Mario Covas. Não permitiremos retrocessos nos passos que conquistamos na defesa da vida das mulheres!
Edição: Rodrigo Chagas